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Larissa Barone

Eu fiquei pensando no que dizer, quando você atendeu o telefone.
Me senti como uma menininha assustada, quando veio aquela vontade doida de desligar sem dizer nada Sem te devolver aquilo que eu queria tanto tomar de você: um segundo da tua voz.
Quando eu era adolescente – engraçado não me lembro de ser daquelas que ligavam e desligavam, nos cinco minutos de euforia que sucediam as primeiras horas de saudade.
Agora, entretanto, eu me via tão desproporcionalmente imatura Tão, tão pequena.
Insegura.
Quase uma criança, presa no corpo de uma mulher.
A verdade é que eu queria ligar, queria ouvir, queria sentir toda e qualquer vibração que viesse dos sons que você produziria, mas Mas eu não tinha coragem de te encarar.
Naquele instante, pra mim, funcionava como se eu não pudesse, de maneira alguma, te entregar qualquer vestígio da minha alma, que ainda era sua.
Naquele instante, pra mim, você era tudo que eu não queria alcançar.
Era suficiente, e até mais do que isso, ouvir a melodia e os seus tons, pairando no ar
Me surpreendi com um sorriso bobo, no canto dos lábios, ao lembrar de todas as vezes em que achei tola a idéia mais próxima de um amor platônico.
Como é que pode alguém amar esse tanto, e com essa intensidade, sem querer cada centímetro de pele do seu escolhido Como é que pode alguém sonhar tanto tempo com uma sensação e não correr atrás de torná la real
Agora eu sabia e, de repente, fazia bastante sentido.
Ele disse “Alô” e perguntou, três vezes, quem estava falando
Embora eu não pudesse responder, soube – e também tive certeza de que ele sabia – que eu era apenas um sonho bom, e que a recíproca era verdadeira.
Não seria mais do que isso porque, quando o sonho é bom, não faz sentido acordar

Eu estive olhando o céu há dias e não precisei conter uma só palavra porque, pasme, eu não tinha palavras!
E eu também já não sei como conduzir os pensamentos que me assombram quando você não está, ou até mesmo deixar o caos adormecer.
Eles estão tomando conta dos meus sonhos, eu já te disse
É que esse espaço oco vive voando em meus pensamentos feito pássaro que cansa do impulso do vento, e eu bem que tentei preenchê lo com algum marcador permanente Mas eu sei que você sabe, ou melhor, sabemos, que eu não nasci pra nada permanente.
Então eu achei que pudesse te perguntar o que fazer e que você fosse capaz de me dizer, assim, com simplicidade e sutileza pro vazio sumir.
Eu devia dizer que sua resposta é de extrema importância porque, acredite, o vazio pode mesmo ser desconfortável.
(E eu já não o agüento mais)
O vazio não é aquele de cara que dorme com você e não te liga no dia seguinte.
O vazio te liga, te manda mensagem.
O vazio é aquele tipinho que não te deixa esquecer que ele tá lá, engolindo tudo o que vê pela frente pra tampar o buraco mas Exatamente como temíamos, o buraco não tem fim.
Pode ser que eu preferisse, pensando com os meus botões, estar no fundo do poço.
Veja bem, o fundo do poço é o limite, certo Eu to correndo desesperadamente atrás de algum limite e me pergunto, no fim das contas, cadê aquela história de “do chão não passa” Cadê a luz do túnel que não tem fim
O problema aqui, meu amigo, é essa escuridão que brilha, fazendo a diva, dentro de mim

Eu fiquei pensando no que dizer, quando você atendeu o telefone.
Me senti como uma menininha assustada, quando veio aquela vontade doida de desligar sem dizer nada Sem te devolver aquilo que eu queria tanto tomar de você: um segundo da tua voz.
Quando eu era adolescente – engraçado não me lembro de ser daquelas que ligavam e desligavam, nos cinco minutos de euforia que sucediam as primeiras horas de saudade.
Agora, entretanto, eu me via tão desproporcionalmente imatura Tão, tão pequena.
Insegura.
Quase uma criança, presa no corpo de uma mulher.
A verdade é que eu queria ligar, queria ouvir, queria sentir toda e qualquer vibração que viesse dos sons que você produziria, mas Mas eu não tinha coragem de te encarar.
Naquele instante, pra mim, funcionava como se eu não pudesse, de maneira alguma, te entregar qualquer vestígio da minha alma, que ainda era sua.
Naquele instante, pra mim, você era tudo que eu não queria alcançar.
Era suficiente, e até mais do que isso, ouvir a melodia e os seus tons, pairando no ar
Me surpreendi com um sorriso bobo, no canto dos lábios, ao lembrar de todas as vezes em que achei tola a idéia mais próxima de um amor platônico.
Como é que pode alguém amar esse tanto, e com essa intensidade, sem querer cada centímetro de pele do seu escolhido Como é que pode alguém sonhar tanto tempo com uma sensação e não correr atrás de torná la real
Agora eu sabia e, de repente, fazia bastante sentido.
Ele disse “Alô” e perguntou, três vezes, quem estava falando
Embora eu não pudesse responder, soube – e também tive certeza de que ele sabia – que eu era apenas um sonho bom, e que a recíproca era verdadeira.
Não seria mais do que isso porque, quando o sonho é bom, não faz sentido acordar