Olhos de Girafas.
Ela me olha com brilho nos olhos, olhos tão profundos que cabem milhares de pensamentos.
Se eu sou um deles, quais seriam os outros gritantes nesses olhos de girafas .
As girafas enxergam as alturas, enxergam tudo, enxergam alto, tão alto quanto a infinidade de pensamentos no olhar dela.
Ela me assusta e me conforta, algo tão grande que ela me dá e me tira, na realidade não sei se é mesmo a intenção dela me tirar, ou apenas mais uma das suas mil formas de se proteger.
Ela é tão clara na sua confusão, que não seria tão transparente se seus pensamentos fossem organizados, mal ela sabe que adoro me perder em sua inconstância, passear nas suas dúvidas, relevar as suas mudanças, opinar nas suas inconsistências, ficar assustada, esse medo me faz bem na realidade, me mostra que ele existe dentro de mim.
Ela não é perfeita, sem sombra de dúvidas, acredito que essa seja a real graça da coisa, mas eu já ressaltei tanto esse detalhe, que talvez ela fique se sentindo imperfeita demais, mal sabe que seus conjunto de defeitos são na real as suas perfeições mal organizadas, e eu aprecio mesmo essa desorganização toda.
Ela consegue me deixar inquieta, como quem espera alguma coisa que quer muito, mesmo não querendo e não esperando nada, acho que tenho meus próprios medos desse fato e até do senso de conformismo entre ambas as partes.
Ela consegue me provocar medos, não importaria qual melhor época eu estivesse, o medo de dar qualquer passo errado se torna um zelo muito presente na minha mente, medo da sua inconstância que eu tanto admiro, dela se tornar contrária ao meu respeito, dela causar impulsos que poderiam gerar alguns tipos de marcas.
Sou uma colecionadora de marcas como muita gente por ai, as minhas não são mais bonitas nem mais profundas do que a de ninguém, mas são erradamente revigoradas pelo meu subconsciente, tenho medo de faze la passear por esse caminho do meu Eu, lá não é lugar para ela, ela tem muita luz para permanecer por lá, mas muito contrariada na verdade ela já se infiltrou por lá.
Ela tem uma espécie de liberdade, com um "vem aqui, fica comigo e me acompanha", talvez seja toda essa carência que supra o meu vazio da minha solidão
tumultuada, na verdade não sei e nem entendo bem de que forma ela consegue suprir a minha tristeza, maquiada, minha solidão acompanhada, a minha habilidade de inexistir,a minha falta de vontade de ser lembrada,a capacidade de entender o fato de não ser necessariamente importante para alguém ou de não se sentir necessária e não querer ser adicionada à memória de qualquer pessoa.
Ela mexe com as minhas questões mais sinceras, não consigo imaginar como ela conseguiu revirar a minha escuridão, mas ela conseguiu entrar, não como uma marca, ou mais uma história escritas nas paredes, nem como os álbuns e papeis espalhados pelo chão ela somente vagou por lá.
Ela entrou fechou a porta e acendeu uma vela, talvez ela tenha esse dom de perceber as coisas, de colocar as coisas no lugar, de ver no escuro, e ela mesma nem perceba.
Ela pare guarda a sua própria luz para não intimidar o lugar, ilumina sutilmente para não me espantar, e comece a ler tudo o que lá reside, ou ela incendeie tudo, ou só calmamente assopre a chama e apague a vela e suma de vista na minha desordem, uma decisão que sem decidir pus nas mãos dela, logo ela que mesmo sem saber ler tais escritas, interpreta perfeitamente a minha bagunça pessoal.
Eu não sei como eu consigo amá la tanto, um amor que nem sequer o tempo me trouxe, como eu consigo querer, realmente querer, gostar de ficar do lado dela, logo eu que admiro o esquecimento por falta de vontade de dar expectativas a qualquer pessoa, ela me dá vontade de ser querida, de que se importem, de me importar que se importem.
Ela me guarda, me tem, me ilumina e ainda assim pensa que é a própria escuridão encarnada.