Canto a tarde
Lá vou eu cantando a tarde, para com ela seguir mansamente meus passos.
Sim, eu canto a tarde, faço lhe serenatas junto ao vento, colho algumas flores, que este, impetuoso, teima em desfolhar e assim oferto as, jogando as pelo espaço e a tarde sorri para mim.
Fica mais leve, mais doce e perfumada.
Parece até que demora mais a ir de encontro ao horizonte, para que o dia descanse e amanhã volte a nos encantar.
Namoro sim com a tarde, quando do campo, uma revoada de passarinhos vem comigo duetar e felizes vamos pelas horas, num canto primaveril, enfeitando o momento vespertino, que é vida aos que o observam e que pode ser noite linda, depois da alquimia de um sol já posto.
A tarde traz lembranças boas, outras nem tanto, mas suas nuances de esperança pintam meu caminho e enchem de paz meu coração.
Sei que em algum lugar, alguém com olhos de tarde morna, também assim a fita e então somos iguais em alma.
Isso basta me para ser feliz.