Não Gosto de Nada Morno
Não gosto de coisas mornas.
Que seja frio, estupidamente gelado, que esfrie a cabeça, refresque a alma.
Que seja quente, ardente, fogo puro e queime.
Mas morno não.
Nunca.
Gosto de temperos.
A falta deles deixa um sabor insosso nas coisas.
O dia destemperado tem um gosto ácido e cinza que amarga a boca e o humor.
Amor sem tempero é insípido, deixa vazio o estômago e a alma.
Tempero tudo, faço da vida uma deliciosa salada.
Não gosto de esperar.
Esperar significa inércia.
E parar com tanto movimento dentro de mim seria indolência.
Não espero nada nunca.
Faço o que for preciso, mas faço agora.
Gosto do silêncio.
Amo música.
As vezes preciso de um espaço sem sons para ficar sozinha vagando pelos meus sonhos, buscando o "eu" em mim.
Outras vezes, a fome de soltar meu "eu" pede melodia, preciso da música para marcar o ritmo da vida, uma orquestra para interpretar meus pensamentos e ecoar as partituras emocionadas do meu coração.
Gosto do que é intenso, do verdadeiro, do desafio, de arriscar.
Quero paixão ardente, comida quente, beijos molhados e demorados, voltas ao mundo, amores de cinema, sorvete com muita, muita calda de chocolate.
Quero praias desertas, mistérios e descobertas, festas sem fim, ducha fria no verão, calor de cair no rio, amor na chuva, na cama, amor na vida, a vida inteira.
Quero cinema completo, com pipoca e arrepio, quero montanha russa, surpresa, aniversário.
Adoro aniversário.
Quero muitos presentes, brigadeiro, beijinho, e não importa a idade, quero "parabéns" e velinha.
Quero conversa, andar de bicicleta, passear de mãos dadas.
Quero flerte, quero paixão, quero dar risada.
Mas não quero nada morno, sem tempero ou parado.
Quero viver a vida, apostar no tudo, ser feliz e fazer feliz quem cruzar meu caminho.
Só assim a vida vale, de outra forma, para mim, não vale nada.