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Iane Thomé

Ah, mas eu sinto falta dele.
Sinto falta da sua risada escandalosa.
Sinto falta do seu egocentrismo.
Sinto falta das suas piadas sem graça.
Relembro as noites acordada pensando nele bem, elas não mudaram.
Eu me imagino chegando, e ele me abraça.
Eu imagino seus dedos entrelaçados aos meus, e nossas mãos na posição errada.
Logo a soltamos, estava desconfortável.
Mas ele segura a minha de novo.
Agora está melhor.
Eu imagino o seu beijo.
Nossos dentes batendo.
A gente para.
Rimos juntos da situação, logo voltamos a nos beijar.
Eu imagino ele acariciando minhas mãos enquanto toco seu cabelo.
Enquanto o mundo para naqueles olhos celestiais, eu não desejo mais nada.
Ah meu Deus, eu sinto tanto sua falta.
Eu imagino nós dois deitados.
Enquanto me aproximo o escuto falar que o que eu quero é um apoio para dormir já que estou longe do travesseiro.
Na verdade eu só queria estar próxima do seu corpo.
Eu detesto quando ele “descasca” meu esmalte, mas o fato de ser ele fazendo isso me agrada.
E eu lembro de nós dois dançado o passo do “bêbado”.
O garçom estava rindo, assim como nós de nós mesmos.
Foi divertido.
Nosso primeiro beijo parecia o primeiro beijo de duas crianças.
Ah, ele foi tão tímido.
Eu me apaixonei por completo.
Quando me pediu em namoro eu basicamente pulei em seus braços.
Eu ainda não acredito que eu o tive.
Ah, meu Deus, eu tive você! São coisas das quais eu não quero esquecer.
Eu não vou esquecer.
Deus sabe que eu não vou deixar passar.
É tarde demais pra seguir sem você

Eu tinha minhas dúvidas quanto a existência do amor.
Então baixei minha guarda para que caso ele existisse, pudesse entrar.
E eu vi pela primeira vez o que meus olhos nunca enxergaram.
Eu vi que o amor é algo inabalável, e inevitável.
Eu vi um pai dar a vida por um filho.
Uma mãe trabalhar duro para sustentar sozinha uma família.
Eu vi uma adolescente à beira da morte sorrindo por dar a luz a uma criança.
Eu vi um mendigo alimentar seu cachorro.
Vi uma mulher deixar seu orgulho de lado e triturar todos os seus medos interiores de infância, todos os seus problemas, e a sua condição de impossibilidades humanas para alcançar a vista do homem que ama.
E eu vi o homem que ama voltar sorrindo mesmo depois da guerra, mesmo depois do sangue em sua roupa.
Depois de tudo, vi Deus olhando por todos estes com um olhar de ternura.
Foi então que percebi que o amor é algo divino, algo inquebrável.
O amor não aparece do nada, mas já nasce e cresce conosco.
Porventura, nos vem aqueles que intensificam este amor.
Aqueles os quais devemos amar e respeitar até em dias de chuva.
Dias que o céu parece não se iluminar, e o mar encontra se furioso.
Nos dias em que achamos que o barco vai virar.
E se ele virar, vamos nadando até a areia.
Se não tivermos mais forças, deixemos na mão de Deus nossas mãos entrelaçadas.
Porque isso é o amor.
O amor não é só feito de sorrisos e momentos felizes.
O amor também é tristeza e desespero.
O amor é a vontade de ir embora quando teu corpo quer ficar.
O amor é alimentar o outro quando a fome está a nos matar.
O amor é afogar se dentro de si, na espera de que o outro voltará para te salvar.
O amor é confiança.
É uma coragem dentro de nós que nem sabíamos que poderia existir.