Quando eu não mais existir,
O meu corpo que um dia chorou e sorriu
Servirá de alimento aos vermes
E a minha alma que um dia praguejou contra os deuses
Compartilhará do meu tumulo o nada que nos acolhe
Quando eu não mais existir,
Nas noites mais solitárias os lobos irão de uivar
Uma melodia triste e profunda
Quando eu não mais existir,
Me procurem nas estrelas
Mas não em seu brilho de esperança
Mas sim em sua fúnebre morte
Que se esconde na escuridão do cosmos
Pois eu serei a brisa fria da noite a te assombrar
Estarei no perfume das flores
E nos átomos de cada indivíduo que tuas mãos tocarem
Serei o frio do luar que te afaga
Quando eu não mais existir,
Irá sentir me nas noites solitárias
Enquanto choras lamentando o dia em que me viu sorrir pela última vez
Deixarei nas lagrimas de teus olhos
Artificiais lembranças da noite em que eu fui embora
Quando eu escrevi aquele ultimo poema, quando lestes a última página
Do meu livro que guardavas em sua velha estante
Quando eu não mais existir,
Algum dia tu também não existirá
E os vermes que um dia se alimentaram
Da minha carcaça podre, irão também se alimentar das suas esperanças
E rir das suas lágrimas
Quando nós não mais existirmos
Nenhum outro homem existirá
Nenhum deus poderá nos salvar
E os vermes de nenhum cadáver poderão se alimentar
Pois a morte que um dia me beijou
Algum dia irá te beijar
Assim como o amor e as poesias
Tudo tem que acabar.