Presente
Renata Lessa (21/09/2012)
Ser ou não ser dois, sermos nós
Questão difícil Sei não
Sei que é cedo, mas o tempo urge,
Surge sorrateiro, vem e vai se brejeiro
Escapando às nossas mãos.
Não há tempo certo, não há razão.
O momento é agora, não espera não.
O agora é passageiro, ligeiro.
E o agora é hoje, a vontade surge
Assim como o sentimento.
Aumenta, acrescenta,
Mais força e vontade à alma, no coração.
A vida que se vive hoje
Não a mesma que a de ontem.
Assim como o tempo, e efêmera
Não demora, vai se embora.
Está mais do que na hora, venha então.
Viver tem pressa, não espera não.
Imprevisível, como o tempo
O sentimento chega, transpassa
Entrelaça num segundo e embaraça
Duas vidas num nó cego,
Pra enxergar a vida com mais graça,
O futuro com contentamento.
Vida que do nada em outra surge,
Contamina, arrebata.
Mas que nada! Maktub!
Estava escrito, previsto, previsívelmente desenhado
Na total imprevisibilidade das linhas do acaso,
De um caso muito bem pensado.
E do nada surge tudo.
Mas que nada! Maktub!
E lá se vai o nada, pra longe do nosso mundo.
Mundo tão nosso, tão esperado.
À espera de um milagre, já realizado.
E o vazio faz se cheio,
Preeenchido de esperanças, lado a lado.
E do nada se esvai o medo,
Qual água no riacho, correnteza
Escorrendo pelo caminho traçado,
Temor destroçado, elos formados.
A hora é agora,
E o agora está do nosso lado.
Arriscar se ao momento, finalmente.
Abrir as portas da felicidade
Ventania forte que nos pega de surpresa,
Esta tão dolorosamente aguardada,
Guardada no peito tristemente desesperado.
Sufocada em um mar de lamentos do passado.
Passado a limpo, renovado.
Presente incerto, hora mais que certa.
A nossa hora, a descoberta.
Hora de ficar junto, lado a lado.
Presente divino, presente esperado.
Presente por Deus enviado.