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Anônimo

Uma recaída é uma regressão a esses antigos padrões de conduta e pensamento que se tinham superado.
São pequenas decisões erradas que somadas umas às outras, levam a pessoa ao caminho da recaída.
Porque é mais forte, é uma compulsão.
Alguns confiam mesmo assim, porque como já superaram o vício antes pensam que podem controlar de novo quando quiserem.
Quando recaem sentem um grande alívio.
Porque no início o sentimento é bom.
E quando reagem, já é tarde demais .A compulsão, esse impulso autodestrutivo, sempre está aí.
Escondido.
Rondando como um corvo.
Sentem o cheiro de uma ferida aberta, e sobrevoam sobre você, prontos para atacar.
Sentem o cheiro do seu medo, da sua ignorância.
A recaída é um medicamento falso para uma doença falsa.
É uma tentativa de tampar a todo custo essa dor que nunca foi embora.
Do que serve todos os esforços para deixar para trás a dor, se suas pernas são de pedra e não consegue seguir em frente E a dor sempre te alcança.
A causa das recaídas é a intolerância à dor.
A mesma feria de sempre volta a se abrir.
E este corre até a solução conhecida.
Ressentir é sentir demais.
Recair não significa ser fraco.
Significa que a dor se agravou.
Porque isso é o que define oque sentimos e o que fazemos com o que sentimos.
Os vícios são falsos remédios que acalmam por um tempo a dor.
Dor que não vai sarar até que você faça algo com ela.
Porque isso é o que você é, embaixo de tudo que você faz para tampar sua dor, e no meio da confusão, isso que você sente, esse é você!
O medo, os temores excessivos antecipam todas as dores que você poderia chegar a sentir.
Temer é pressentir.
É sentir antes do tempo.
Somos o que sentimos.
Se sentimos ódio e ressentimentos, somos ódio e ressentimento.
É difícil colocar em palavras a dor profunda.
Mas, por incrível que pareça, essa dor pode ser aliviada com palavras.
Todo trauma é filho de outro trauma.
E às vezes é preciso curar as dores de muito tempo atrás.
Para chegar até elas.
Tem que atravessar a anestesia emocional, as feridas profundas, isso que não se pode dizer.
É a única coisa que "o tempo cura tudo", não pode curar.
Essas dores atávicas, herdadas e legadas, continuam com o tempo, e se tornam cada vez mais intensas.
As dores traumáticas não conhecem anestésicos.
Elas só podem ser aliviadas quando você começa a entender o que é isso que você está sentindo.
São sentimentos muito humanos, que atravessam pela metade as vítimas e agressores.
Nos alivia pensar que existe um lugar em nossa alma que podemos guardar as dores que nos acompanham.
Um lugar onde isso que sentimos já não doerá tanto.
Mas não existe um lugar para se guardar as dores, nem um falso remédio para acalmá las.
Só há boca, braços, mãos e olhos para expressar tudo o que sinto.
A dor é um coração em carne viva, que só poderá ser curada, quando puder ser dita.