Emerson Mollin

É triste, é triste uma hora começar o que está terminando.
Tudo parece estar às avessas, o tempo não volta, as memórias não se encaixam no mesmo ciclo vicioso de antes e a abstinência de alguém não tem a menor importância agora.
Tranquilo, o horário de visitas terminou e eu não irei abrir exceções, suas iniciais não passam de estatísticas defasadas e seu visto perdeu a validade.
Procure outro juiz que melhor sentencie esta sua vida infeliz, pois estou ocupado arrumando a papelada que esta tempestade bagunçou.
É apenas mais um lugar bagunçado e triste, com palavras que não passaram da realidade.
Amar e ser amado, isso nunca foi uma boa mentira para se brincar na frente de um espelho.
E eu sei que você costumava rir dos reflexos, pensando que eu era um idiota enquanto só me passava de ingênuo.
E olha só, nós nunca fomos iguais, mas as diferenças acertaram o que nunca esteve certo.
O fim não era dos mais felizes, mas era o belo de um começo.

Nossa história era um belo jardim florido.
E sim, eu sei que tudo termina um dia, as flores só morrem de verdade quando eu decido jogar veneno nelas.

O horizonte é um lembrete: de que tudo desaparece e um dia perderemos nossa essência, mesmo que seja aos poucos, em silêncio, em lágrimas douradas dissolvidas na esperança de cinzas eternas.

Estar com a pessoa que nunca briga, que nunca sente ciúmes, que concorda com tudo é estranho, pode até existir, mas duvido muito que alguém seja perfeito à nível de ser idêntico em pensamentos e ambições.
Continuo acreditando naquela velha história onde dois corpos não ocupam o mesmo espaço no mesmo momento.
Existe uma diferença entre amar e gostar, concordar e respeitar, ser o que você deve ser ou aquilo que mais esperam de suas atitudes.

Nem tudo me atinge, não sei mais o que pensar.
Parece um mundo de ignorantes onde poucos conseguem entender e alguns se misturar.
Faltam palavras, dizem que querem ser ouvidos, mas ninguém deseja ouvir.

Nem tudo é em vão, mas algumas coisas abrem um vão imenso na alma.