O Melhor Amor do Mundo
Amantes, ficantes e outras efêmeras companhias ela as teve aos montes.
Havia tido um grande amor, seu primeiro amor, e acreditava piamente que jamais viveria outro sentimento com tamanha intensidade, afinal não duvidava quando as pessoas na sua grande maioria falavam que nunca se esquece o primeiro amor.
Na verdade, até muito acanhada, ela confessou a um número seleto de pessoas que vivera seu maior e melhor amor no outono de sua existência.
Encontrou um homem que a encantou como os príncipes encantados costumam encantar suas princesas.
Quando os homens maduros costumam viver à cata de menininhas ele se encantou por ela, e tinha o grau exato de timidez que para ela é imprescindível numa pessoa.
Ela também ficou fascinada com a falta de pressa com que eles foram se conhecendo, porque hoje em dia vige a prática dos relacionamentos atropelados e por isso mesmo tão fadados ao insucesso.
Ela agora não pode ir a certos cinemas, sente um aperto no peito ao passar quase todo dia pelo Jardim Botânico, quase morre quando alguém posta uma foto no " Daniel Briand", o Pontão tão encantado lhe evoca lindas sensações e a Rota 66 faz com que sinta uma faca cravada em seu peito.
Mas o melhor lugar do mundo onde esteve com o melhor amor do mundo foi na casa dele, pois ali ela redescobriu o prazer de dormir de conchinha e de ser amada por um homem até através dos olhos dele.
Ele está viajando e ela o espera às vezes pacientemente, outras vezes com urgência desesperada destemperada.