“Sem lenço, sem documento”
E de repente chega à maturidade.
Sem idade, sem passado, sem futuro.
Despretensiosa no andar, carregada de conceito, cheia de malas que a vida a presenteou.
Impregnada de tolerância, abastecida do sofrer, repleta de vontades e dona do saber.
A maturidade é calmaria, perdão, dever cumprido, humildade e querer.
É saber respeitar o tempo, as coisas e, sobretudo as pessoas do jeito que elas são.
É colorir o mundo e descolorir, gritar e silenciar, sorrir e chorar de cabeça erguida e face lavada.
Por mais pesada que seja uma lágrima, mais pesado é o orgulho que sentencia nas costas o fardo ecoado do vazio atemporal.
Maturação não vê vantagem, faz escolhas.
Com ar de mistério e olhar escavado analisa as superfícies sem deixar influenciar.
Aproxima se e faz morada no contraditório por não ver desafio em demonstrar afetos.
Revela a leveza de ser e grita aos quatro cantos o sabor de sentir.
Porque amadurecimento é saber apreciar uma brisa, mesmo quando o desejo é de um banho de chuva.
A generosidade é o sustento da maturidade.