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Carolline Milici

Sabíamos exatamente no que aquilo ia dar, mas apesar dos apesares, tínhamos fé que a insegurança iria nos deixar, um dia.
Nós nos seguramos no ar, ou melhor, na falta dele.
Já estávamos cansados, queríamos algo diferente.
Alguma coisa que trouxesse felicidade misturada com calmaria.
Tinha chegado a hora que seguiríamos caminhos diferentes, nossas jornadas seriam opostas e, nossa vida andaria para frente.
Porque nós dois sabíamos que a magia tinha acabado.
Agradeço por ter sido na hora certa, assim temos boas coisas a recordar e, muitas risadas a repassar.
Durou o suficiente para se tornar lembrança, história e recordação.
Não doeu tanto assim, não nos matou, não nos deixou desamparados e, foi a vida que nos fez entender que nós tínhamos um prazo de validade.
Ainda posso ver seu sorriso de lado numa visão embaçada do quanto ela se parecia com a natureza, enquanto me dava dores de cabeça.
Nos vemos vez ou outra conversamos e, até irritamos um ao outro, só que não é mais como era.
Nós queremos mais e, não é porque somos egoístas, mas porque nosso rumo agora é amadurecer e crescer e, isso significa nos separarmos.
Separação não significa dizer "nunca mais", não é um adeus.
Só tenho a agradecer a ela por todos os momentos bons, por todas as brigas e desentendimentos, por todas as gargalhadas profundas, por todo o medo que tivemos desse dia chegar, por todos os abraços que nos tiravam do chão, por todas as surpresas e por todas as decepções, por todos os passos que dávamos juntos.
Ela me transformou, me fez ser alguém melhor, mesmo que indiretamente.
Ela fez meu mundo cor de arco íris.
Ela marcou vários capítulos da minha história e, é por isso que temos que nos deixar partir, para que um dia nos encontremos numa esquina qualquer dizendo o quanto foi bom termos nos esbarrado ali, há alguns anos atrás.

Tudo que fiz foi como amiga.
Tudo que venho fazendo até agora é pela amizade.
Uma relação, independente do nível de intimidade, continua sendo uma relação e, não tem como isso ser uma via de mão única.
Eu não quero brigar, já cansei de ser assim.
Agora, faço questão do silêncio e, não pelo fato de ser orgulhosa ou egocêntrica, é só pelo simples fato de me sentir desgastada.
Eu me sinto devastada, mas ninguém vê, não tem uma pessoa que perceba que quanto mais eu tento aparentar força, mais eu desmorono de fraqueza.
Eu só queria conversar, eu só queria colocar tudo em pratos limpos, esclarecer as coisas, mas parece que não é tão fácil assim.
Tenho a mania de ser dramática, de ser manhosa, de complicar as coisas, só que dessa vez eu queria que fosse simples! Eu tentei, eu juro que tentei todos os jeitos possíveis que minha mente achava, porque eu queria contornar a situação, eu não queria ver Eu quis fingir, eu quis fugir, eu quis me iludir, eu quis mentir, mas acontece que eu não posso mais mascarar a vida desse jeito.
Sei, que amizades verdadeiras não viram pó da noite pro dia, sei que amigos não são orgulhosos quando a falta do outro é gritante ao coração e, sei também, que tudo se resolve na base da conversa, na base do perdão, na base do amor.
Então, mais uma vez não vou acabar com nada que já tenho (para sempre), porque para sempre é um termo muito forte, mas para o bem do meu coração, para o bem da minha alma, eu não quero mais isso pra mim, não no momento, não enquanto tento gritar com uma melancia no pescoço e um mega fone na mão na tentativa desesperada de ser vista, por alguém que está na minha frente e parece que não consegue me ver.

E, pra todo mundo eu continuo aqui!
Eu me sinto sozinha estando rodeada de pessoas.
Pessoas as quais eu amei a vida toda.
Tomar uma decisão que parece simples nem sempre é tão fácil como pensamos.
E, algumas vezes as pessoas que você mais ama e confia te dão as costas.
Se voltam contra você pelo simples fato de você escolher como quer levar a vida.
Eu me sinto presa
Sinto como se estivesse acorrentada a vida toda, impossibilitada de fazer algo por conta própria.
Uma marionete perfeita.
Ouvia, obedecia e fazia tudo que ditavam.
Desde como eu tinha que lavar a louça, até qual futuro eu deveria escolher para mim.
Sim, uma perfeita marionete.
Criada, educada, feita para satisfazer os desejos alheios.
Hoje, eu não sei o que fazer.
Nem sei ao menos o que pensar Me sinto perdida.
Eu escolho continuar atrás da vida que quero ter um dia ou escolho trazer essas pessoas de volta Porém, se eu escolher tê las novamente, escolho me submeter às suas vontades.
É fácil falar “escolhe o que você quer” não sentindo um rombo imenso no peito.
Minha família me abandonou.
Meus amigos eram só meus amigos quando eu fui o que eles queriam que eu fosse.
Todo mundo só era comigo se eu retribuísse seus caprichos.
Hoje eu enxergo o abuso! Era falso.
Tudo sempre foi uma mentira.
Eu depositei toda minha confiança nessas pessoas.
Todo meu amor.
Todo meu eu.
E, de uma hora para outra tudo desmoronou, foi abaixo derrubando finalmente as máscaras dessas pessoas.
Tanto fingimento.
Tanta mentira.
Como pude ser tão burra Percebo que deixei de ser “egoísta” pra mim para deixar o outro ser egoísta comigo.
Cadê minha autonomia Cadê minha liberdade Cadê a minha vida, hein Eu me tornei a vilã de uma história que para começar nem é minha, já que foi escrita por outros e não por mim.
Eles têm raiva.
Me abandonaram porque sabem o quanto eu os amo, e sendo ingênua e com um coração assim não ia aguentar muito tempo.
Pois bem.
Eu tenho morrido por dentro a cada palavra dita ou a cada silêncio.
Tenho morrido por dentro a cada dia que passa e vejo minha vida mais longe de parecer com meu sonho.
Tenho morrido por dentro com a falta de empatia e compreensão comigo.
Mas, eu tô aqui! Firme, mesmo cambaleando.
Eles acham que eu vou ceder.
Que eu vou cair.
Que eu não vou aguentar mais Eles acham que eu não tenho forças para suportar.
Pois bem! Eis que lhes digo apenas uma coisa: JUST WATCH ME!
Só vejam eu conquistar o mundo enquanto dou adeus para vocês.
Eu não sou mais a menina que corre para saia da mãe quando algo não sai como o planejado.
Eu não sou mais a criança que chora e fica no chão.
Eu não sou mais a filha que se culpa por não satisfazer os desejos dos pais.
Eu entendi que mesmo quando eu dava tudo que eles queriam de mim, ainda sim não era o bastante.
Ainda sim não era o suficiente E, nunca foi.
Então, me aguardem.
Porque se vocês fazem chover, eu faço nevar.