Hoje eu sonhei com você.
Era dia e estávamos na garagem de uma casa, como já ficamos antes, na mesma velha cidade.
Não que eu não tivesse sonhado antes, mas hoje foi diferente.
Não teve dor, raiva, nem saudade e amor.
Teve cura!
É como se, depois de muito tempo, a dose de um remédio viesse em forma de fantasia.
Empatia foi o que aconteceu.
Um encontro de almas subconscientes, ajudando uma a outra.
No sonho éramos grandes amigos que não se contemplavam há muito tempo.
Falamos sobre a vida, sobre esse tempo que se passou e não nos vimos ou falamos.
Falamos sobre conquistas e vitórias, mas também sobre fracassos e desilusões.
Falamos sobre família e sobre relações malucas que não deram certo.
Falamos sobre vida e saúde, sobre esta eu tinha muito o que falar, mas não te aborreci.
Não falamos sobre nós, nem sobre nada o que aconteceu.
Mas uma coisa era certa: parecíamos satisfeitos.
Satisfeitos em finalmente, depois de muito tempo, poder falar com alguém que nos entendesse e nos ouvisse.
Satisfeitos em descarregar, satisfeitos em apoiar.
Em sorrir das desgraças alheias, assim como das nossas.
E, com um abraço e os olhos cheios, percebemos a importância de ser.
E sentir a completude de ser e ter alguém como a gente.
E que, até mesmo em sonho, possamos ainda nos apoiar, um no outro.
E que, se não for em sonho, que seja num café noutro dia desses.