Engraçado, agora parecemos dois estranhos.
Aquele amor ficou parado ali mesmo, no meio da estrada, de bagagem pesada, só com a roupa do corpo, sem saber que rumo seguir, sem mim, sem você, sem carona, sem atalhos nem mapas.
O nosso amor vaga: com sede, com fome, com lágrimas.
E espera, espera um dia a nossa volta, espera que um dia, feito criança, o carreguemos no colo e brinque e sorria como era de costume fazer nos piqueniques de domingo.
O tempo passa, o vento passa, a paisagem passa, o amor não passa.
Ele fica! Caminha a passos lentos e exaustos, as malas pesadas de recordações já puíram, arrebentaram e ficaram pra trás.
Os olhos cansados já não enxergam a longas distâncias, já não me reconheceriam, nem reconheceriam você.
Nosso amor é uma moldura sem retrato em busca dos rostos que antes ali sorriam! É um vão eterno entre mim e você.
O amor envelhece, a memória desgasta, as lembranças se vão, os sentidos enfraquecem, mas lá no fundo tem uma coisa que ainda queima, e arde, e dói! Aí acontece que o amor não espera mais por mim nem por você, espera por alguém, qualquer alguém que o leve e cuide e guie e queira bem.
O amor não passa, não acaba, adormece.
Se vai aos poucos na esperança de um dia saber como voltar!