DA INVEJA
De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada; o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja.
Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm.
Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio.
Se uma tal paixão toma proporções desmedidas, torna se fatal a todo o mérito e mesmo ao exercício do talento mais excepcional.
Por que é que o médico deve ir ver os seus doentes de automóvel quando o operário vai para o seu trabalho a pé Por que é que o investigador científico pode passar os dias num quarto aquecido, quando os outros têm de expor se à inclemência dos elementos Por que é que um homem que possui algum talento raro de grande importância para o mundo deve ser dispensado do penoso trabalho doméstico Para tais perguntas a inveja não encontra resposta.
Afortunadamente, porém, há na natureza humana um sentimento compensador, chamado admiração.
Todos os que desejam aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja.
(A Conquista da Felicidade)