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Nkuame

Coisa bonita é um sentimento verdadeiro.
Esse final de semana foi para que eu pudesse refletir sobre minha vida Religiosa.
Vejo e ouço muitos relatos dos mais velhos e vejo quanto amor é demonstrado nas belas palavras que são ditas quando se lembram de seus irmãos que se foram, de seus pais e mães e da família de santo.
Eu mesmo com o pouco tempo sou muito intenso em tudo que gosto e amo, coloco essa intensidade na forma de carinho, atenção, respeito, humildade e principalmente a simplicidade que tenho com todos.
Sinto saudades do meu começo, as histórias engraçadas, as vezes me pego lembrando sem mágoa e sorrindo, foi bom aquilo tudo.
Hoje também me pego sorrindo no caminho, sou feliz em ter conhecido muitas pessoas do meu Nguzu e de outros também, aliás agradeço a Nzambi todos os dias por isso.
Tenho meus momentos de mais silêncio, mas na maioria do tempo to sempre sorrindo e falando quando se pode lógico.
Como era gostoso comer com a mão, ficar recolhido 26 dias um mês na verdade era farra da boa, muitas histórias dentro do ndemburo, quanto se aprendia, tudo era ensinamento e quem percebia aproveitava e eu aproveitei ao máximo, saí dei a sorte de nzambi de ter vários barcos de pessoas mais velhas que eu seguidos, aprendi mais ainda que privilégio o meu, tive convívio com muita gente boa de nosso Nguzu, observava todos com a maior admiração e até hoje mesmo com algumas mágoas admiro muitos pela sabedoria, inteligência e alguns pela postura.
O meu caminho se abriu e por infelicidades não permaneci no meu berço, no meu ninho tive que voar, mas voei baixo e caí em um ninho amigo, lá aprendi mais ainda, tive privilégio de me sentar com aquela que conduz o seu Nguzu no amor e carinho.
Belos foram os dias em que esse ninho me acolheu e belos os pássaros que ali vivem.
Hoje estou pousado com a asa quebrada, porém me recuperando bem.
Gostaria de voar alto e de lá, bem alto soltar pétalas de rosas em todos os ninhos que conheço em sinal de amor e respeito, pois o que anda faltando é o amor, fraternidade e carinho, mas no momento não dá to sem uma asa
Não me preocupo com aves mais agitadas com minha presença, sou um pássaro pacato e não sei simular sentimentos, quando gosto eu gosto, quando amo eu amo de verdade e quando eu elogio é de verdade sem hipocrisia e demagogia que é algo que não suporto.
Agradeço aos meus ninhos, fui feliz em todos, conheci o lado bom e vi o lado péssimo, e digo com propriedade que vi mais o lado bom e esse sempre pesa mais
Amor de verdade é quando mesmo machucado a gente sabe que existe uma chance dos nossos algozes mudarem de vida, serem melhores não para comigo, mas para com os próximos que virão pedir auxilio a vocês, assim como eu pedi quando precisei de um rumo.
Amo todos sem distinção, não creio que quando voltar a voar eu sobrevoe os ninhos que deixei, mas sempre estarão em meus corações como aprendizado.
Eu reconheço as pessoas pelo abraço e por isso sempre faço questão de ter essa intimidade, essa troca de energia
Por isso deixo meu mais sincero abraço a todos com amor e respeito e reafirmo que corrijam seus erros com os próximos que virão, a alguns que saibam acolher e a outros que saibam ouvir.
Eu estou corrigindo dia após dia os meus erros!
Um beijo de quem aprendeu que nem sempre as intempéries da vida são resolvidas de formas mais leves e que também aprendeu que quem tem mais visibilidade tem que saber dos riscos que corre, pois será o primeiro a levar a pedrada.

Certo dia conversava com amigos sobre as pessoas e a mania de acharem que são mais importantes que as outras no Candomblé.
Vejo que a grande maioria são pessoas que fora do candomblé são amarguradas, frustradas, de baixa auto estima, pobres de espirito, traumatizadas, sem estruturas familiares fortes e etc
Assim, quando começam em nossa religião um novo mundo com novas perspectivas se abrem a elas.
Quando seus Zeladores/as os iniciam logo vem em alguns casos os famosos (Cargos no Santo) e aí muitas vezes começam as guerras internas dessa pessoa.
Querem humilhar, pisar, aborrecer e tudo pelo suposto poder que acham que tem e pelas frustrações que tem em suas vidas fora do barracão.
Tenho a certeza que todos já ouviram essa frase que diz:
"Quer conhecer uma pessoa, dê poder a ela ".
É corretíssima essa frase.
Conheço pessoas de bons discursos, de vida supostamente exemplar, de valores morais bem definidos e firmes que quando se sentem acuadas de alguma forma em seus supostos cargos de santo perdem o rumo e se mostram como realmente são isso reflete o egoísmo e muitas vezes suas amarguras e frustrações na vida pessoal, bem no fundo o que cometem em suas casas de Santo são reflexos de suas vidas inseguras e mal estruturadas, isso bem no fundinho lógico.
Pois, a necessidade de se mostrar forte e firme vem em primeiro lugar, afinal, a propaganda é a alma do negócio, assim dizem!
O que se esquecem é o verdadeiro sentido de se ter religião, que é ter um norte a seguir, obter respostas de algo, acreditar sem ver, isso se chama Fé.
Entrar no Candomblé pra que, se não consigo ver meu irmão melhor que eu
Entrar no Candomblé pra que, se a roupa do meu irmão é melhor que a minha
Entrar no Candomblé pra que, se a Casa do meu irmão é maior ou mais bonita que a minha
Entrar no Candomblé pra que, se não consigo ter um simples diálogo com o próximo sem humilhar e medir forças com ele
Entrar no Candomblé pra que, se nem sei o verdadeiro sentido dessa Religião Ancestral tão linda em seus detalhes
O sagrado não precisa de você, você que precisa dele para tentar entender o que está fazendo de errado, ele te dá o caminho mais é você que tem que caminhar.
Resumindo, o Candomblé não é para qualquer um!