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Vanessa Brunt

Amor tranquilo é aquele no qual existem as cobranças, os ciúmes e todas as turbulências que sempre virão vez ou outra, mas que não ficam em grau mais alto do que a paz, porque muitas vezes, antes mesmo da pergunta surgir, o outro já responde, o outro já comete um ato que limpa a lama, o outro já demonstra que não faz o que não gostaria que com ele fosse feito, o outro entende o que ficou mal esclarecido antes de precisar da intimação, o outro capta o que você está indagando antes que indague, não só por conhecer você, não só pela intimidade, mas por sempre lembrar de deixar claro o que ele gostaria que por ele também claro ficasse, caso os papéis estivessem invertidos.
Amor tranquilo é aquele no qual os questionamentos já vêm seguidos de uma certa certeza e calmaria, porque os valores se encontram.
Amor tranquilo é aquele no qual qualquer diferença é bem vinda, mas a semelhança está nos princípios de um relacionamento, do que é respeito, do que é somar, do que é um impulsionar a vida do outro.
A paz reina quando as brigas existem, e jamais elas estão em constância, jamais a mesma muito depois de já ter sido finalizada, jamais também sempre a calma, mas sempre há calma pelas certezas que ficam em primeiro lugar.
Porque tem a importância, e ela nunca é estática, ela que é observadora pelo cuidado, ela que é detalhista, que desencadeia certas loucuras por tantas análises, que dá bronca, bronca sem precisar sofrer.
O resto nem é amor.
Amor turbulento é tudo, menos amor.
Amor turbulento faz com que o bem querer passe a ser rebaixado, e onde ele não existe, não é casa.
E o amor nada mais é do que onde morar tranquilo.
Em alguns cantos da sala ou quarto, você tem que tirar uma poeira mais difícil, tem que fazer faxina, tem que cuidar de forma mais árdua, mas não há outro lugar onde gostaria de dormir, porque ali você dorme seguro, você dorme deitado nos pontos de afirmação.
Tudo sempre moeda, tudo sempre caberá em ondas.
A questão de ser tranquilo é dar mais paz do que zunido, é a predominância do que percorre no coração.
E tudo o que sangra mais do que estanca, não vale a pena ficar na balança.
Tentar criar um maior equilíbrio só é válido para o que pesa no peso mais leve.

O AMOR É ELEGANTE
O amor é cuidadoso, altruísta.
Cuidado que não se limita apenas nos momentos de uma febre ou dor de cabeça, que não fica ali somente na cama e no sofá, quando a sós.
É o zelo que não se resume apenas ao remédio dado na madrugada em que ambos ficaram em claro pela virose de um, ou pelo dia em que ela largou seu trabalho inacabado por conta da tristeza dele ao perder aquele cargo tão importante.
É o amparo que não condiz unicamente às situações em que as prioridades mudam pelo outro e esses fatores são, então, contemplados juntos, no seu ninho.
O amor é dedicado em todos os âmbitos.
O amor é cuidadoso fora de casa, na fila do mercado quando um ajuda o outro a pagar a conta enquanto ele a elogia para a moça do caixa.
Diferente daquele cara, que comenta sorrindo para a mesma senhora sobre o quanto a sua mulher é insuportável e coisa e tal, só para arrancar umas risadinhas da desconhecida e elevar seu ego como quem tem um "irresistível senso de humor".
Quem ama não esquece de amar só porque o outro não está presente, e o amor é ação com postura.
Amor mesmo é quando um está no trabalho e o outro em uma reunião informal de pessoas com as quais precisa "fazer média para fechar negócio", e quando nesta reunião alguém comenta algo como "Não acho que fulana vai ter tanto sucesso assim", o fulano, namorado/marido da tal, chega graciosamente, quase esquecendo de instigar o cliente sobre a sua proposta, e vai escancarando uma lista verbal que justifica a capacidade da sua amada para atingir sim um grau elevado de reconhecimento naquilo que faz, convencendo a todos do seu discurso através da vontade de fazê lo.
Não existem distorções, mentiras e exacerbações para parecer engraçado ou tentar se enturmar com quem está comentando isso e aquilo de ruim sobre quem você deve querer bem.
O amor é elegante.
Ele faz com que os atos e as palavras sejam cautelosos, principalmente quando em público.
Faz com que um pondere a imagem do outro como se fosse a própria.
Faz política e propaganda sincera.
Causa com que ambos tenham a sutileza e o respeito de não fazer nada que saiba ter o poder de ferir a conduta de quem se ama, vendendo sempre a melhor figura do(a) parceiro(a) e querendo ser o melhor desenho possível, para que combine com o que pinta e borda de bom do seu cônjuge.
O amor é refinado e laborioso.
Quem tem um amor, amor mesmo, mal precisa de empresário para sair "vendendo o seu peixe", porque o amor exala admiração, e aquele namorado vai falar tão bem do talento da namorada que vai atrair bons interesses para ela.
Ele nunca deixaria passar a chance de meter as caras e com toda a persuasão possível, ir falar com os donos de uma gravadora, se a sua mulher canta.
O amor é a classe de se impor como o assessor de um candidato a presidente em época de eleição.
E o tal candidato, é o seu amor.
Os segredos daquele laço mantem se preservados, e não há críticas pelas costas, porque a elegância exige que as partes ruins sejam debatidas no escritório do casal.
O amor não só fala bem, como não permite que fale mal, a não ser entre as quatro paredes dos dois referentes, mantendo a arte da conversa para a vida saudável não virar um mar de dissimulações.
Claro que existem os amigos que vão saber de um detalhe ou outro, aqueles confidentes que ganham reais conhecimentos para darem seus conselhos e apoios quando preciso for, mas até quando com eles, existe um certo equilíbrio nas falas, algo que não restringe a admiração, que emite apenas o ângulo preocupado e dedicado de quem diz.
Caso contrário, em uma difamação ou indiscrição desnecessária sobre o relacionamento com conhecidos aqui e ali, sem cuidado, sem preservação, na falta da elegância, no abandono do emprego (de ser o assistente, o secretariado do seu par): não está sendo amor, e quando o amor deixa de ser amor em algum momento, ah, meu bem Nunca foi.
ATENÇÃO: No fim das contas, isso se inclui a todos os tipos de amores.
Aos amigos, aos irmãos, aos pais, aos filhos, não só aos casais.