Você vai embora, deixando para trás várias histórias, vários sorrisos largos e brancos que me cegam, que fazem aparecer essas covinhas, que eu sinto a vontade de mergulhar e me refrescar no seu suor, que fazem qualquer um perder o juízo, até mesmo o mais duro dos corações.
Impossível não notar, impossível não olhar, impossível de falar.
Beleza inimaginável.
Obra esculpida não pelas mãos dos anjos e sim das mãos de Deus.
Perfeição.
Sem hesitar, sem errar.
Ele quer que você caminhe pelo plano terrestre para depois encontrar a paz.
Vários seria os séculos, as décadas e os anos que ele poderia ter te esculpido.
Mas não.
Ele queria que eu te encontrasse, ter te conhecido, ter te admirado.
Em silêncio.
Mas te admirado.
Com a mesma admiração de quando uma mãe dá luz a um filho.
Uma admiração verdadeira.
O que sobrou foi só a saudade.
Saudade essa que crava com as unhas cada dia o meu coração.
Que vai ferindo e sangrando, gota a gota, até chegar a hemorragia vermelha, fria e sombria.
Não pelo vermelho do sangue, e sim o vermelho do amor.
O trem vai partir, levando com ele nos trilhos os pés mais delicados, no farol o olhar mais brilhante, penetrante e intenso.
Na chaminé os cabelos, que ao vento ganham os ares do horizonte.
No apito a voz, doce e serena, que cruza os ouvidos e vira melodia no corpo.
O seu andar leva passageiros, não como matéria ou apenas carne, e sim como pessoas, que encontram a segurança de poder embarcar nesse trem.
Trem esse que tem tudo para ganhar o mundo, mas que nunca esqueça de onde partiu, de quem o idealizou e o concretizou.
Até dos que quando acabou o combustível, desceram no escuro e deram um empurrão.
Vá em frente, faça falta e preencha o vazio, arrepie meu corpo, me entristeça com a sua distância mas me alegre com suas conquistas.
Não lembra te de mim, lembre se apenas que eu me lembro de você.