Não consigo deixar de pensar nos tempos em quartos solitários, quando as únicas pessoas que batiam à minha porta eram as senhorias cobrando o aluguel atrasado ou o FBI.
Vivia com ratos e camundongos e vinho, meu sangue escorria pelas paredes em um mundo que não conseguia compreender e ainda não compreendo.
Em vez de levar a vida que eles levavam, eu passava fome.
Fugia para dentro de minha própria mente e me escondia.
Fechava todas as cortinas e ficava olhando para o teto.
Quando saía, era para ir a um bar onde eu mendigava por bebida, andava a esmo, apanhava nos becos de homens bem alimentados e confiantes, de homens idiotas e com vidas confortáveis.
Bem, ganhei algumas lutas, mas só porque era louco.
Fiquei anos sem mulher, vivia de manteiga de amendoim e pão amanhecido e batatas cozidas.
Eu era o idiota, o estúpido, o louco.
Queria escrever, mas a máquina de escrever estava sempre penhorada.
Então eu desistia e bebia