Desculpa por ser assim.
Desculpa se a vida não se faz bonita para mim quando abro a janela do quarto, do mundo, da alma.
Desculpa pelas minhas urgências sentimentais que me cercam a todo momento.
Me sento para raciocinar e acabo pensando nas alegrias pulverizadas que não me deixam seguir um momento duradouro sequer, pois em nenhuma fase da vida eu fui realmente feliz por completo.
Não sei se você vai me entender, e não é esse o meu objetivo aqui.
Eu só quero pedir desculpas pelas falhas e descompassos causados pela minha ânsia de acertar tudo, sendo que na maior parte das vezes eu só consiga fazer o que há de mais errado.
Não é por mal, nunca foi por mal, nunca será por mal, o mal não é o que eu faço.
O mal é um defeito de fábrica que me pegou desprevenido quando nasci, mesmo sem saber de tal posse.
Eu não tive escolha.
E hoje, quando tenho escolha, não sei escolher o que é certo.
Me desculpe se eu não sei ser alguém interessante, os bens motivacionais mais preciosos que eu tinha se perderam em uma via alternativa de ilusões e rancor, e na hora de assumir uma posição corajosa, o máximo que consegui foi ter medo e me esconder.
Esse infinito receio de buscar um caminho diferente me perseguiu tanto, que acabei cedendo as minhas fragilidades ao mundo e desisti de me ajustar.
Minha vida seguiu para vários lugares e levou uma parcela das minhas qualidades para cada um deles, sem ter chance nenhuma de recuperação.
Sei que você não merece aguentar minhas loucuras e a cadeia de desastres que criei, mas se não for pedir muito, me desculpa pela minha incapacidade de ser eu.