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Silvia Schmidt

Chutando o Balde
Eu venho por meio desta comunicar oficialmente
minha exoneração do cargo de adulto.
Eu declaro que quero aceitar as responsabilidades
de alguém de 8 anos novamente.
Eu quero ir ao McDonald's e achar que estou num
restaurante 5 estrelas.
Eu quero mergulhar em sanduíches, lambuzar me todo
e soprar no copo de refrigerante com o canudinho.
Eu quero pensar que biscoitos são melhores do que moedas
porque eu posso come los.
Eu quero me esticar debaixo de uma grande árvore
e esgotar limonadas com amigos num dia de sol daqueles!
Eu quero voltar ao tempo em que a Vida era mais simples.
Voltar ao tempo dos lápis de cor, das tabuadas,
dos contos de crianças, das coisas que não me estressavam,
que pouco me incomodavam.
Tempo em que tudo que eu sabia era ser feliz,
sem todas aquelas coisas que dão preocupações e chateiam!
Eu quero pensar que o mundo é justo,
que todas as pessoas são honestas e boas!
Eu quero acreditar que tudo é possível!
Eu quero largar as complexidades da vida
e ficar tremendamente feliz com pequenas coisas.
Eu quero ser simples outra vez!
Eu não quero que meus dias sejam cheios de
computadores travados, montanhas de papeladas
e notícias deprimentes.
Não quero pensar em como sobreviver
até o dia do pagamento nem calcular o quanto resta no banco.
Quero esquecer as pílulas do analista,
as fofocas, as doenças e o medo de perder os meus queridos.
Eu quero acreditar no poder de sorrisos,
dar muitos abraços, acreditar em justiça, em amáveis palavras,
em verdades, em paz, em sonhos!
Eu quero acreditar no amor, na imaginação,
na gentileza humana e quero desenhar anjos na areia!
Portanto
Aqui estão meu talão de cheques, minha carteira,
as chaves do carro, meus cartões de crédito
e meus 901KB de arquivos de preocupações!
Eu estou desertando oficialmente da minha condição de adulto!
E se você quiser discutir isso mais tarde,
corre, vê se me acha e vem me pegar!
Eu já te peguei primeiro!

O Milagre de um novo dia
Hoje eu me levantei cedo pensando no que tenho
para fazer antes que o relógio marque meia noite.
Eu tenho responsabilidades para cumprir hoje.
Eu sou importante.
É minha função escolher que tipo de dia terei hoje.
Hoje eu posso reclamar porque está chovendo
ou posso agradecer às águas
por lavarem energias pesadas.
Hoje eu posso ficar triste por não ter muito dinheiro
ou posso me sentir encorajado para administrar
minhas finanças sabiamente,
mantendo me longe de desperdícios.
Hoje eu posso reclamar sobre minha saúde
ou posso dar graças a Deus por estar vivo.
Hoje eu posso me queixar dos meus pais
por não terem me dado tudo que eu queria
quando estava crescendo,ou posso ser
grato a eles por terem permitido que eu nascesse.
Hoje eu posso lamentar decepções com amigos
ou posso observar oportunidades
de ter novas amizades.
Hoje eu posso reclamar por ter que trabalhar
ou posso vibrar de alegria por ter um trabalho
que me põe ativo.
Hoje eu posso choramingar por ter que ir à escola
ou abrir minha mente com entusiasmo
para novos conhecimentos.
Hoje eu posso sentir tédio com trabalho doméstico
ou posso agradecer a Deus por ter dado me a bênção
de um teto que abriga meus pertences,
meu corpo e minha alma.
Hoje eu posso olhar para o dia de ontem
e lamentar as coisas que não saíram como
eu planejei ou posso alegrar me
por ter o dia de hoje para recomeçar.
O dia de hoje está à minha frente esperando
para ser o que eu quiser.
E aqui estou eu, o escultor que pode dar lhe forma.
Depende de mim como será o dia de hoje
diante de tudo que encontrarei.
A escolha está em minhas mãos:
Hoje eu posso enxergar minha vida vazia
ou posso alegremente receber
o Milagre de Um Novo Dia!

Antes de ser mãe, eu fazia e comia
os alimentos ainda quentes.
Eu não tinha roupas manchadas,
tinha calmas conversas ao telefone.
Antes de ser mãe, eu dormia o quanto eu queria,
Nunca me preocupava com a hora de ir para a cama.
Eu não me esquecia de escovar os cabelos e os dentes
Antes de ser mãe,
eu limpava minha casa todo dia.
Eu não tropeçava em brinquedos e
nem pensava em canções de ninar.
Antes de ser mãe, eu não me preocupava:
Se minhas plantas eram venenosas ou não.
Imunizações e vacinas então,
eram coisas em que eu não pensava.
Antes de ser mãe,
ninguém vomitou e nem fez xixi em mim,
Nem me beliscou sem nenhum cuidado,
com dedinhos de unhas finas.
Antes de ser mãe,
eu tinha controle sobre a minha mente,
Meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos,
e dormia a noite toda.
Antes de ser mãe, eu nunca tive que
segurar uma criança chorando,
para que médicos pudessem fazer testes
ou aplicar injeções.
Eu nunca chorei olhando pequeninos
olhos que choravam.
Nunca fiquei gloriosamente feliz
com uma simples risadinha.
Nem fiquei sentada horas e horas
olhando um bebê dormindo.
Antes de ser mãe, eu nunca segurei uma criança,
só por não querer afastar meu corpo do dela.
Eu nunca senti meu coração se despedaçar,
quando não pude estancar uma dor.
Nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina,
pudesse mudar tanto a minha vida e
que pudesse amar alguém tanto assim.
E não sabia que eu adoraria ser mãe.
Antes de ser mãe, eu não conhecia a sensação,
de ter meu coração fora do meu próprio corpo.
Não conhecia a felicidade de
alimentar um bebê faminto.
Não conhecia esse laço que existe
entre a mãe e a sua criança.
E não imaginava que algo tão pequenino,
pudesse fazer me sentir tão importante.
Antes de ser mãe, eu nunca me levantei
à noite toda, cada 10 minutos, para me
certificar de que tudo estava bem.
Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor,
a dor e a satisfação de ser uma mãe.
Eu não sabia que era capaz de ter
sentimentos tão fortes.
Por tudo e, apesar de tudo, obrigada Deus,
Por eu ser agora um alguém tão frágil
e tão forte ao mesmo tempo.
Obrigada meu Deus, por permitir me ser Mãe!