Pouca gente espera pela chuva como quem espera por um grande amor.
Quase ninguém celebra um pôr do sol como quem é promovido no trabalho ou tem qualquer ganho material.
Conheço poucas pessoas que se emocionam com o colorido de uma paisagem.
Conheço pessoas muito sensíveis que têm muito mais vocação para a anestesia autodestrutiva que para a canalização desta sensibilidade para a criação do Belo.
Pessoas procuram sossego e confundem a paz com o tédio.
Alguns, quando estão melancólicos, se acham miseráveis em tudo.
Nada basta.
Há quem saia para contemplar o mar e não consiga ver uma gota de água a sua frente.É muito fácil se agarrar ao sofrimento e, num momento de alívio, dizer que aprendeu a dar valor às coisas pequenas, simples da vida.
Leia se: a ter para onde voltar, cama quente para dormir, um dia bonito para ver, olhos para enxergar, agasalho num dia frio, um abraço de um amigo, companhia para quando a solidão apavora, um céu estrelado, o cheiro de terra molhada que a chuva traz, as sementes que se fertilizam, as árvores que dão sombra quando o sol está inclemente.
Meu Deus, estas podem ser coisas simples, mas não são as pequenas coisas da vida, são as grandiosas! As maiores.
As que permanecem para lembrar o movimento de tudo, o ritmo da Vida.
As "pequenas" coisas são as imensas, meus amores.
As mais importantes.
E as paisagens, chova ou faça sol, ainda são as que emolduram o encontro deste tal grande amor.
E que enchem de adornos qualquer sorriso de alegria.