É verdade, disse uma voz que vinha de longe.
É verdade que aquele garoto era indeciso e que não sabia o que era o amor, o que era amar.
E não sabia o que queria dizer quando ouvia das bocas dos mais românticos ou via nas páginas de velhos livros que amor é fogo que arde sem se ver, que é ferida que dói e não se sente.
Não entendia esse paradoxo triunfante que marca gerações com versos de Camões.
Mas queria entender.
Talvez por isso mesmo fosse sozinho.
Não entendia o que queria, muito menos o que sentia Talvez nem quisesse saber.
O mais engraçado era ver como todas essas dúvidas se convertiam em corpo, som e movimento.
O que tiver de ser será.
Mas aquela voz não soava palavras ao vento.
Ela projetava um corpo que sua, que dança, que ama.