Gosto de amaciante no lençol trocado, de dançar de rostinho colado, de relógio analógico, de desenho animado sábado de manhã.
Gosto de shampoo e condicionador da mesma linha, de ciuminho de amor, de celular desligado, de calça jeans com corte reto, de maquiagem para ir só ali, ó.
Gosto de efeito sépia, de travesseiro macio, de elevador que chega rápido, de esmalte colorido, de coisas da geladeira da avó.
Gosto de café passado agorinha mesmo, de colo de mãe, de cheiro de depois de chuva.
Gosto de quadro na parede, de foto de família e rabisco de criança.
Gosto de lustre de cristal, de pezinho de neném, de boneca antiga, de toalha grande, de andar de mãos dadas, de missa durante a semana.
Gosto de abraço duradouro, de quarenta dias no cartão, de táxi em dois minutos, de noiva que enxuga lágrima com o lenço do pai, de perder dois quilos, de seriado na madrugada.
Gosto de feijão fresco, de massagem profissional, de bebida gelada e comida quente.
Gosto do número vinte e dois, de português bem escrito, de caneta que não solta tinta, de bola de soprar, de telefonema de parabéns.
Gosto de batom bom, de convite de formatura, de apresentação de fim de ano, de vestido novo.
Gosto de quem dirige sem pressa, de livro com dedicatória, de torneira que não respinga, de xícara grande.
Gosto de abajur ligado, de elegância em sapato masculino, de beijo de boa noite.
Gosto de fivela de peão, de jogo de tabuleiro, de cheiro da casa da gente.
Gosto de lembrança de brincar de pique, de viagem no mês de julho, de trabalho reconhecido, da sensação de depois da prova.
Gosto de sorriso sincero, de vinho com amigos, de uma piscadela cúmplice.
Gosto de gente que gosta da vida.