FUI TROCADA PELA OUTRA
Cadê eu
Onde é que eu fui parar mesmo
Me levaram para algum lugar distante, me prenderam ou me mataram.
Mas aqui eu não estou.
Não! Eu não estou aqui (pelo menos para ELES).
Me despersonalizaram em suas mentes, enterraram a minha identidade.
E agora só existe a minha OUTRA “parte” (estudante de Psicologia).
Preferem ela, porque é muito mais fácil olhar para alguém e vê um rótulo, do que deixar o comodismo de lado e atravessar a margem de sua superfície.
Eu não penso, eu não sinto, eu não raciocino, eu não ajo, eu não aprendo Só a OUTRA faz essas coisas! Portanto, “eu” não faço nada que não seja baseado nas teorias estudadas na academia.
O meu olhar para o outro, e a minha curiosidade ao fazer várias perguntas quando converso com alguém, nada disso me pertence, nada disso sou eu.
Porque EU não estou aqui, quem está aqui é somente a OUTRA.
E se a OUTRA é quem faz tudo em minha vida, então, ELA não pode se desequilibrar em momento algum.
“Raiva Tristeza Medo Ansiedade Não, nem pensar! Que Psicóloga é essa ” – É isso mesmo, “Psicóloga”, nem esperaram ELA concluir o curso ainda.
Mas, mesmo se ELA já tivesse concluído, ELA deixou de ser um ser humano Virou robô Assim como o médico, por exemplo, só por ser médico, isso quer dizer que ele não pode adoecer
Cadê eu
Onde é que eu fui parar mesmo
Se você me encontrar por aí, ou melhor, por aqui, muito obrigada! Ficarei muito feliz por ter sido reconhecida.
Afinal, não é legal ficar “perdida” por tanto tempo, não é mesmo
[25/12/15]