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alexandre morais

A Filha do Sol
A muitos séculos dizem que o sol é a estrela mais brilhante.
Bem, era! O resultado dessa emissão foi uma filha que herdou e ultrapassou o seu brilho.
Grandes mentes empenharam suas vidas para decifrá lo.
Não precisei ter uma mente brilhante para vê la tal herdeira, estudá la, senti la.
Sempre esteve perto de mim, do meu lado.
Isso explica o calor exacerbado em meus poros.
Transfigurada do universo para um corpo tão pequeno.
Sem ele o ser humano não vive.
Sem ela eu não vivo.
Ele é fonte de energia renovável.
Ela me renova a cada dia.
Mãos minúsculas, as quais eu pego com o mesmo cuidado que se pega uma porcelana, com medo de quebra la.
No seu núcleo um coração derretido.
O sol fez questão, ao fazê la sua filha, em pintar o momento em que ele é mais bonito.
O pôr do sol.
E ele o colocou no lugar mais mágico e encantador do mundo.
O lugar onde o universo se rende a tal formosa atração.
Os seus olhos.
Mas com um toque de natureza.
Uma mistura de quando o sol abraça a floresta e a envolve em seus braços, e forma um amarelo esverdeado.
Me perco na mata fechada, mas sou guiado pela luz.
Dizem que Deus é brasileiro.
Mentira.
O sol que se encantou pelas maravilhas de uma terra descoberta por mercenários a procura de lucros, e que até hoje é vítima de tanta ganância.
O sol se apaixonou pelos índios, pela fauna, pela flora e pelo pão de açúcar que lhe dá um toque especial.
Por isso que ele nos presenteou e nos encantou com sua filha, com sua cachoeira de fogo, que deságua delicadamente sobre seu pescoço e seus ombros.
Sempre quando a encosto me queimo, mas não forma se cicatrizes.
Forma lembranças que fixam a minha pele.
Vários artistas se inspiram no sol para fazer suas obras.
Eu me inspiro em sua filha para viver.

Milênios e Séculos, Dias das Horas
Meu amor por você é milenar.
Veio lá de trás
quando nada existia
e tudo começava a se criar.
O graveto e a pedra mordiscar,
as árvores ainda não eram plantadas
não se precisava de paz
nem correr por medo do tempo.
As águas agrupavam se ainda
por debaixo da terra,
se preparando para formar os rios
e os mares.
A chuva não castigava,
deslizava sobre as primeiras gramas
verdes, destacadas do cinza
das tempestades arqueológicas.
Nosso amor, apareceu bem antes
do primeiro arco íris
e no final dele colocou o lendário ouro tilintante,
com um trevo de quatro folhas
atrás da orelha.
Esse amor partiu do nada,
do branco intato.
Nem era escrito em poesias.
Eu e você nem existíamos.
Os romances nem pai e mãe tinham
e as quatro estações estavam indecisas entre si.
Inventou ditados populares
e até pintou com Da Vinci
Que amor é esse
Dono de tudo
dono do passado,
do presente
e do futuro.
Dono de mim
malandro que sou,
honesto vagabundo.
De você minha dama
do olhar profundo
para esse que rege com mão de ferro
todos os meus desejos astutos.
Nosso amor, alimentou o primeiro
caso de fome da história mundial.
Chorou por ver guerras,
caminhou a passos, ora largos, ora estreitos.
Já pensou em desistir de nos encontrar
até já voltou bêbado a pé de outro continente
colhendo flores dos jardins alheios e imaginários,
se esperançou ao ver uma criança nascer.
Não quero entender esse amor
que já viveu de tudo neste terreno instável.
Quero apenas sentir a cada momento
a sua existência anormal e inexplicável
e ver que ele ainda acredita em Deus
nos homens, na natureza
em nós, seres amados.
Não ignore este amor que durou
séculos e séculos de vida
nas linhas das páginas dos anos.
Se ele andou sozinho
todo esse tempo,
enfrentou a velhice com suas dificuldades
e preconceitos,
não foi à toa.
Tartamudo e irreverente
sorriu para todos os lados
e hoje estamos deitados
no ápice da intimidade
com os prazeres a flor da pele,
na cama aquecida,
esperando cada segundo girar
bem devagar
como se fosse um desespero do fim.
Sei que na lápide ele não se encerrará,
continuará em outro lugar
mais denso, junto com nós dois
de mãos dadas e eternos
direcionados por anjos serviçais.
Nosso amor viverá
conosco, no céu de lá.