Os anos estão passando diante de meus olhos.
Eu consigo olhar para trás e ver meu passado todo lá.
Mas quando olho para frente, eu não consigo me ver em um futuro.
Os anos passam, e eu estou sempre no mesmo lugar.
Nem para frente, nem para trás.
Mas, se você parar para pensar, não progredir já é regredir.
Os anos estão passando diante de meus olhos mais uma vez, mas eu continuo aqui.
Nessa mesma cidade, com os velhos amigos e agora sem nenhum inimigo.
Acho que isso é algo bom.
Conservar os amigos e esquecer dos inimigos.
Eu tenho orgulho em dizer que já não os tenho mais, os meus inimigos.
Porque acho que todos temos defeitos e qualidades.
E se um dia fiz um inimigo, foi porque eu não soube perdoar seus defeitos, sendo que eu também tenho os meus.
Mas os anos ainda estão passando, ainda diante de meus olhos, eu olho para trás e sinto falta de um certo tempo que sei que não voltará mais.
Os anos estão escorrendo pelos meus dedos, eu sinto isso.
Os anos passam, e eu sinto que estou envelhecendo.
Já não sou mais a criança feliz que um dia eu fui.
E também ainda não sou a adulta que nem quero ser.
Ainda bem.
Mas quando olho para frente, vejo que não demorará muito para isso acontecer.
Sabe, às vezes o futuro me assombra, mesmo eu não o conhecendo.
Acho que o futuro está longe.
Mas se eu olhar para a frente, eu consigo ver apenas o que está um pouquinho mais perto.
O que está bem diante de meus olhos.
E eu vejo que o futuro será cada vez mais difícil.
Os anos estão passando, e eu estou envelhecendo nessa velha cidade.
Tranquila e pequena cidade.
Eu gosto dela.
É tão tranquila quanto uma brisa de verão.
E é tão pequena quanto eu fui um dia.
Eu apenas sinto que estou envelhecendo.
Como a areia de uma ampulheta.
Estou esvaindo com o tempo.
É assim que eu me sinto.
Como uma velha senhora de 80 anos.
Me sinto cansada por fora e por dentro.
Cansada na mente e na alma.