A UM MORIBUNDO
Não tenhas medo, não! Tranqüilamente,
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono
A cabeça reclina levemente
E os braços deixa os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono
O que há depois Depois O azul dos céus
Um outro mundo O eterno nada Deus
Um abismo Um castigo Uma guarida
Que importa Que te importa, ó moribundo
Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!