Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz que me esmague e me cegue na frente de todo mundo.
Eu tenho medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude e de você me abrir.
E minhas bolhinhas correrem cada uma para um canto do mundo.
E entrarem pelas valetas do universo.
E eu nunca mais conseguir me juntar do jeito que sou agora.
Eu tenho medo de você abrir o espartilho superficial que aperto todos os dias para me manter ereta, firme e irônica.
Minha angústia particular que me faz parecer segura.
Eu tenho medo de você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar, confortável, em minhas reclamações.
Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos olhos.
Eu tenho medo de deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de ser cínica.
Eu tenho muito medo de deixar de ser.