Querida avó, como eu queria que você soubesse o quanto me dói vê la desse jeito, tão sozinha nesse mundo confuso em que essa horrível doença a afundou.
Suas memórias foram roubadas, quase tudo aquilo que você foi um dia, desapareceu.
Seus olhos se perdem nos nossos rostos, nas faces daqueles que tanto amam você e a quem você já não reconhece os traços.
A doença de Alzheimer lhe roubou em vida os seus anos de descanso, e a impede de sentir o amor que a rodeia.
Todos sentimos impotência e tristeza, pois nada pode ser pior que uma pessoa em vida ser despojada de todo o seu mundo interior! Há momentos em que parece que seu olhar recorda uma imagem, mas logo depois regressa a confusão e as perguntas intermináveis.
A doença levou de você a lembrança de quem você foi, mas de nós jamais apagará as recordações da extraordinária mulher, esposa, mãe, avó, tia, prima, amiga que você foi! Eu, e todos que amamos você, a recordaremos tal como você foi, e não o que a doença fez de você.
Para sempre a vou amar, minha querida avó!