Meus olhos só te dizem o quanto sei de mim.
Sei pouco, sei quase nada, sei o suficiente pra não me perder.
Mesmo na penumbra, onde se esconde o mais vil de todos os seres que me habitam, um raio reluzente transcende a barreira do ego, provando que mesmo distante de você meu coração ainda clama seu nome.
Clama, grita, murmura aos quatro cantos de um planeta esférico que não há nada que possa sucumbir ao desdém de um amor.
Meus olhos só me dizem o quanto posso ser.
Serei muito, serei quase tudo, serei o suficiente pra não me encontrar em você.
Mesmo em meio ao fulgor, onde reside o mais puro dos anjos, um sonho atormentado escurece um verseto que leva o amor em fé e crença.
Algo que cogita no intimo de um coração murado, um sopro de vida que cedo ou tarde desvanece o próprio ser.
É fato que longe assim, o amor ainda é tido como melhor escolha, mas é sempre um castigo de Hamlet ser posto na escolher entre o certo e o melhor.
Motivos não me faltam em dormir, dormir sonhar talvez.
Meus olhos só me escondem você como és.
Meus olhos só visam meu coração duro.
Coração de um moribundo, que suando esfria a lascívia de amar.
E esfria, esfria congela.