Tiago Cabeção

Silenciosa madrugada
traz a calma produtiva,
pego papel e caneta
faço o verso ganhar vida.
Ouço a voz do coração
cheio de melancolia,
a perfeita inspiração
é tristeza em demasia.
Imaginário entorpecido
esquece de fatos recentes
relembrei o tempo antigo
que meu tio fazia repente.
Tinha mais mato que gente
havia pouca polícia,
hoje matam tanta gente
e minha gente vira notícia.
Deus proteja meus irmãos,
minha família,meus "parcêro"
praça do Canindezinho
reduto de maconheiro.
Rua 'A' vem em primeiro
respeito de coração,
moro lá desde o início
foi tenso na invasão.
Lembro tudo com carinho
mas nada deixou saudade,
prefiro viver o hoje
amanhã pode ser tarde.
Sinto falta e não saudade
algo além de sentimento,
os amigos que morreram
merecem mais que lamento.
O sofrimento é uma escola
alguém já falou assim
suporte com paciência
isso um dia terá fim.

Perdoar, é a vingança do humilde.
Ignorar, é resposta sagaz.
Amar a si mesmo nunca foi egoísmo
sofrer pelos outros é burrice demais.

Chuva bate no teto
eu esperto, esquento meu chá,
meu coração tá repleto
de palavras, pra quando ela chegar.
Minha rua, vira rio,
a espero até virar mar
passo horas áfio
enfim,ela encontra meu lar.
Rua 'A' taciturna,
no silêncio acontece a invasão
poesia noturna,
por fim,veio a mim,inspiração.