Imagine que vou fazer uma longa viagem, sem saber quando
volto, e você vai até a estação de trem para se despedir de mim.Se depois nos comunicarmos por carta ou telefone e nos lembrarmos da despedida, não estaremos falando da mesma coisa, mesmo que imaginemos que sim.
A minha lembrança e a sua serão diferentes, isso quando não forem exatamente opostas.
Você se lembra de um homem que se afasta em um trem e
que acena da janela.
Mas eu me lembro de um homem imóvel
em uma plataforma e de que ele fi cava cada vez menor.
É a
única coisa que podemos compartilhar: a sensação do outro
fi cando menor.
Trata se de algo que encontra eco em
nossas emoções.
Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, sua
presença no inconsciente se reduz progressivamente.
Talvez, nesse sentido, o que acontece no nível óptico seja
mera preparação para o que acontecerá na mente.
Mas
voltemos ao início: a experiência nunca pode ser
compartilhada.
Ela é servida sempre em frascos individuais.