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Fabrício Carpinejar

Meu sonho é casar na igreja
Sou sério, assumo minhas decisões, não sou inconsequente.
Sofro porque sou sério.
A falta de seriedade traz a leviandade, não é o meu exemplo.
Não há maior loucura do que casar se com consciência de que se está casando, não há maior loucura do que a responsabilidade, do que desejar o casamento e segurar um projeto com os dentes e as palavras, por mais que a pressa crie desconfiança.
Nunca me casei na igreja, este é o meu sonho.
Eu me guardo para este sonho.
Eu luto por este sonho.
Fazer sem pensar é inconsequência.
Fazer pensando é compromisso.
Eu me comprometo comigo.
Penso rápido, mas penso.
Penso com devoção.
Ideias guardadas apenas envelhecem, não são como o vinho, não melhoram com os anos.
Realizo enquanto tenho condições de realizar, ainda que imperfeito.
Não adianta se conscientizar dos atos e do que seria melhor tarde demais.
O que vejo de gente se arrependendo quando não pode mais consertar nada.
O perdão se come quente, com o prato fumegando.
Não agirei bêbado e colocarei a culpa na bebida.
Não agirei desesperado e colocarei a culpa na carência.
Agirei porque quis.
Enquanto é hora.
Se errei, se não deu certo, fui eu mesmo que escolhi o meu destino.
O destino é meu de qualquer jeito, acertando e falhando.
Se fui enganado, se fui desamado, era um risco que corria.
Minha vida não é comprada, não ganharei nenhuma luta por antecedência.
Pugilista ou poeta não pode reclamar de sangrar e apanhar.
Não pode lamentar os hematomas, não pode protestar por injustiça, não pode praguejar o ringue.
É da minha natureza confiar no amor e confiar mesmo depois que a pessoa já provou o contrário.
E confiar de novo e confiar mais uma vez diante da repetição do erro até que o outro aprenda o que é confiança.
A fragilidade é fortaleza.
A vulnerabilidade é lealdade.
Quando o destino não me ajuda, fecho a guarda e sigo pela contagem dos pontos.
Não abandono o meu coração.
O sofrimento é meu e também é parte da paixão.
Não tenho como não sofrer quando me entrego.
Não sei o que minha companhia é capaz de oferecer.
Garanto minhas intenções, mostro quem sou desde o início.
Não encampo propaganda enganosa, ninguém descobrirá alguém diferente dentro de mim daqui a um tempo.
Sou monótono de tão passional, sou previsível de tão disposto, pois não mudo minha intensidade.
Caráter é como falamos a verdade mesmo quando não nos beneficia.
Ao morar junto em três dias ou três meses, estou sabendo que será por toda a vida.
É o que espero até o último beijo.
Ou até a consagração do altar.

A vingança encharca a literatura e a música, mas seus mistérios jamais serão esgotados.
Vingança é uma arte, o refinamento da carência.
Quem procura se vingar do ex ou da ex, na verdade, não cansou de brigar.
Não terminou de argumentar.
Vingança é discutir o relacionamento sozinho, é discutir o relacionamento à distância, é dedicar o dia inteiro, às vezes a vida inteira, a arquitetar uma forma de chamar a atenção do amante que negou o ouvido.
O luto é destinado aos que amam amar.
Vinga se a pessoa que odeia amar, odeia continuar amando.
É o encontro do mais extremo ódio com o mais extremo amor.
A união de dois terrorismos.
Vinga se aquele que acredita que deu mais do que recebeu e que se enxerga ludibriado.
Aquele que, durante a relação, cobrava em segredo tudo o que oferecia, listava presentes e gestos.
A vingança é o juízo final do avarento amoroso.
Indica também prepotência.
O vingador se enxerga superior ao vingado, mais experiente e sábio.
Acha que está ensinando seu antigo par.
Encarna a figura de professor repreendendo o erro do aluno.
Assim como não sofre em vão, somente se humilha para humilhar o outro.
Todo sofrimento é arrogante, debitado na conta do desafeto.
O vingador cobiça a última palavra pois não aceita que alguém pense o pior dele.
Planeja castigar as supostas distorções e intimidar as possíveis confissões de sua intimidade.
O vingador vive por hipóteses.
Não entendeu que a última palavra não existe, é uma desculpa para mandar.
A vingança é o mais paradoxal dos atos: um sentimento inteligente em mãos burras e desgovernadas; uma pressa que exige longa paciência e dissimulação.
Requer as mais contraditórias atitudes: sangue frio de alguém com sangue quente; calar se apesar da exagerada vontade de falar.
A vingança fracassa pela ânsia de fama do seu autor.
Quem busca se vingar pretende que o outro saiba que foi ele, que não tenha nenhuma dúvida.
Deseja dar o troco beijando a boca, olhando nos olhos.
Conclui que não adianta nada uma vingança sem remetente.
E peca pela ambição, erra ao se expor, porque a represália aguda e exitosa esconde o criminoso para a perfeição do crime; deve ser anônima, gerando a desconfiança, mas não entregando totalmente o seu mentor.
Não conheço vingança perfeita.
Não se vingar talvez seja a melhor vingança.
Fazer esperar uma resposta que nunca virá.