Depois que dera pelo banco, observou à frente dele, a uns vinte passos, uma mulher que passava, à qual, a principio, não deu a mínima atenção, como não dava a nenhuma das coisas que lhe passavam pela frente.
Quantas vezes não lhe acontecera ir, por exemplo, para casa, e não se lembrar de maneira nenhuma do caminho que seguira para chegar até lá e pelo qual estava já acostumado a passar! Mas aquela mulher que passava tinha qualquer coisa de estranho, que saltava logo à vista, e, pouco a pouco, lhe foi prendendo a atenção A princípio, contra a sua vontade e quase com aborrecimento, e, depois, cada vez com mais força.
De súbito, sentio o desejo de averiguar concretamente o que teria aquela mulher de estranho.
Em primeiro lugar devia ser muito nova; ia sem chapéu, com aquele calor, sem sombrinha e sem luvas, e movia os braços de maneira um pouco grotesca.
( ) A mulher não caminhava com firmeza, curvada e cambaleando para um e outro lado.
Até que por fim aquela visão acabou por atrair completamente a atenção de Raskólhnikov.
Cruzara com a moça junto do banco; mas, quando chegou junto deste, ela se deixou cair numa extremidade, apoiou a cabeça no espaldar e fechou os olhos, dominada por um cansaço visível.
( ) Raskólhnikov não se sentou, mas também não decidiu a retirar se.