É solidão se fazendo presente nas seis prateleiras da minha estante.
É dor de viver, é cansaço.
É o estalar de ossos ecoando na alma.
É prazer de morrer, é agonia angustiante.
Distância pra nada, pra tudo.
É o medo de andar, de falar, é um vale silencioso.
É abandono e saudade, é culpa.
É sol, é chuva, é mar de lágrimas desesperadas.
É amizade enterrada.
É um nó enlaçado.
É música não tocada.
É o peso da madrugada.
É a tristeza batendo na porta dos fundos.
É uma rachadura em meio a testa da nuvem, é sangrante e dói.
Ela fugiu e nunca foi encontrada É o esconderijo mais secreto.
É o olho roxo e cortado, vermelho e inchado, morto e pálido.
Nos lençóis manchados de preguiça, é o desagrado.
Para não mais correr por entre as águas.
Para deixar de lado as mágoas.
É indiferença, é o grunhido que gasta meus ouvidos.
É uma queda ao abismo sem fim que termina bem ali.
É temor aos passos mais leves.
É horror à multidões em cima da cama.
Há monstros detrás da geladeira, é mentira.
É rancor, é crime escondido em um caderno de anotações.
É desesperança.
É cuidado somado à várias taças de vinho.
É uma vida, duas, três, nenhuma.
É complicado.
Creio só, não creio.
É displicência.
É eu, não sou.
Era eu, não é mais.
Ainda vai ser.
É besteira