Antes do primeiro dia
No principio era o caos que jazia solitário no vácuo.
O caos era volátil e virou se do avesso e começou a dançar frenético ora implodindo ora explodindo.
As trevas ruíam, as formas quase foram sendo plasmadas por acidente, mas como ninguém estava ali, tudo não passava de um sonho improvável.
Por conseguinte raiou uma pálida luz – reflexo análogo a imperícia da ausência de escuridão total.
Confundiram se os elementos primitivos numa cadeia infinita de infinitas moléculas que não existiam.
No nada, nada subsistia senão a anatomia do nada.
Nada crescia.
Nada estava aguilhoado.
Centenas de estrelas ocultas, mil e uma constelações inéditas.
Um ponto de interrogação cósmico e insipiente.
Formas sem sentido, cores descoloridas.
Sussurros silenciosos de um universo inexistente.
Diáfanas luzes corruptíveis.
Delírios entrevados adormecidos.
Nesse dia não houve dia.