Travesseiro vazio
(Múcio Bruck)
Busquei por ti em meus pensamentos, no mais profundo de minhas lembranças nas "gavetas da memória", um único momento em que seu sorriso se fez presente e nada encontre!
Você não estava mais lá, sequer escondida, residindo resignada ou em festa: havia partido, levando consigo de sua silhueta ao desenho de sua alva face, a reminiscência do som de sua voz, quase sempre ávida o silêncio misterioso ao tocar lhe a já decorada geografia de seu corpo, quantas vezes inerte no instante da entrega como se ao abatedouro estavas indo de encontro!
Nos dias passantes, não me dei conta de que a distância e a ausência, cada vez mais frequente, ditada pela falta do diálogo, se deram a passos largos em horas corridas dias apressados, ou quiçá, foram os meus dias mais céleres que os seus e foi exatamente nesses idos que me esqueci de lembrar em olhar lhe nos olhos e dar a necessária e devida, melhor, merecida atenção.
Assim, já não mais cabia reconhecer lhe os valores da mulher que eras, somente que esses "detalhes" que, passados desapercebidos, eram as jóias que me ofertavas era tudo o que mais importava: e você partiu!
Não mais cabe chorar havê la perdido, até porque, conta meu coração que nunca a tive.
Não cabe reclamar sua ausência, pois quando a tinha, não percebi quão valiosa me eras!
Estar ao seu lado, ao alcance de meu abraço não tinha preço.
Certo é que não partistes por falta de meu amor, mas porque não fui capaz de conquistar o seu!