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Martha Medeiros

Já reparou que tem receita para tudo
Já reparou que tem receita para tudo
Como ser feliz no casamento
Como ter uma trajetória de sucesso
Como manter se jovem
Parece que meia dúzia de conselhos resolvem tudo!
Para ser feliz no casamento, todo mundo deve reinventar a relação diariamente.
Para ter uma trajetória de sucesso, todo mundo deve ser comunicativo e saber inglês, para se manter jovem, todo mundo deve parar de fumar e beber de comer.
Todo mundo quem, cara pálida
Todo mundo é um conceito abstrato, uma generalização.
Ninguém pode saber o que é melhor para cada um.
Fórmulas e tendências servem apenas como sinalizadores de comportamento, mas para conquistar satisfação pessoal para valer, só vivendo do jeito que a gente acha que deve, enquadrados ou não no que se convencionou chamar normal.
O casamento é a instituição com que todos convivem desde a infância.
Por isso, acreditamos saber, na prática, o que funciona e o que não funciona.
Só que a prática dos nossos pais era deles, não nossa.
A gente apenas testemunhou, e bem caladinhos.
Ainda assim, a maioria dos noivos diz ¿sim¿ diante do padre já com um roteiro esquematizado na cabeça, sabendo exatamente os exemplos que pretende reproduzir de seus pais e os exemplos a evitar
Porém, não tiveram os mesmos pais, e nada é mais diferente do que a família do vizinho.
É mais fácil imitar, seguir a onda, fazer de um jeito já testado por muitos e, se não der certo, tudo bem
Nossas dores e nossos medos muitas vezes são herdados e a gente nem percebe.
Agir como todo mundo é moleza.
Bendito descanso pra cabeça: é uma facilidade terem roteirizado a vida.
Mas, cedo ou tarde, a conta vem, e geralmente é salgada.
Fazer do seu jeito (amores, moda, horários, viagens, trabalho, ócio) é uma maneira de ficar em paz consigo mesmo e, de lambuja, firmar sua personalidade, destacar se da paisagem.
Claro que não se deve lutar insanamente contra as convenções só por serem convenções (muitas delas nos servem e, se nos servem, nada há de errado com elas).
Mas, se não facilitam, outro jeito há de ter.
Um jeito próprio de ser alguém, em vez de simplesmente reproduzir os diversos jeitos coletivos de ser mais um.
Por isso, que eu gosto da música do Frank Sinatra que diz: I did it my way (que significa fiz do meu jeito).
Autoria de Martha Medeiros

VELHOS AMIGOS, NOVOS AMIGOS
Quem é seu melhor amigo(a) Deixe ver se adivinho: estuda na mesma escola ou cursinho, tem a mesma idade (talvez um ano a mais ou a menos), freqüenta o mesmo clube ou a mesma praia.
Se errei, foi por pouco.
Não é vidência: minha melhor amiga também foi minha colega tanto na escola quanto na faculdade e nascemos no mesmo ano.
São amizades extremamente salutares, pois podemos dividir com eles angústias e alegrias próprias do momento que se está vivendo.
Mas fique esperto.
Fechar a porta para pessoas diferentes de você é sinal de inteligência precária.
Durante a adolescência, é vital repartir nossas experiências com pessoas que pensem como nós e que tenham o mesmo pique: é importante sentir se incluído num grupo, de pertencer a uma turma.
Perde se, no entanto, o convívio com pessoas de outras idades e de outros "planetas", que muito poderiam lapidar a nossa visão de mundo.
Entre iguais, tudo é igual.
A vida ganha movimento é na diferença.
Se você é rato de biblioteca, iria se divertir ouvindo as histórias contadas por um alpinista experiente.
Se você tem muita grana, ficaria surpreso em saber como dá duro o cara que trabalha de
dia para poder estudar à noite e o quanto ele precisa economizar para tomar dois chopes no sábado.
Se você curte música, seria bacana conversar com quem curte teatro.
Se você é derrotista, seria uma boa bater um papo com quem já sofreu de verdade.
Você, que se acha uma velha aos 27 anos, iria se divertir muito com os relatos de uma cinquentona irada.
E você, beirando os 60, se surpreenderia com a maturidade de um garoto de 18.
Para os de meia idade, nada melhor do que ter amigos nos dois extremos: da garotada que lhe arrasta para dançar até aqueles que estão numa marcha mais lenta, que já viveram de tudo e de tudo podem falar.
A cabeça da gente comporta rafting e música lírica, videoclipes e dança flamenca, ficar com alguém por uma noite e ficar para sempre.
É importante cultivar afinidades, mas as desafinações ensinam bastante.
No mínimo, nos fazem dar boas risadas.
Vale amizade com executivo e com office boy, com solteiros e casados, meninas e mulheraços, gente que torce para outro time e vota em outro partido.
Vale sempre que houver troca.
Vale inclusive pai e mãe.