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G. K. Chesterton

"Sei de certos pedantes malucos que tergiversaram, sustentando que educação não é instrução e que de maneira alguma se ensina com uso de autoridade.
Apresentam o processo não como algo que venha de fora, do professor, mas como algo que parte completamente de dentro da criança.
Educação, dizem eles, é uma palavra latina que significa sacar ou extrair as faculdades dormentes de cada um.
Em algum lugar das profundezas da alma infantil moraria um desejo primordial de aprender a acentuação da língua grega ou de manter os colarinhos limpos.
O professor não faria mais que libertar delicada e docilmente esse desígnio aprisionado.
O recém nascido já traria selados em si a data da batalha de Bannockburn e os segredos de como comer aspargos.
O educador não faria mais que instigar a criança a pôr para fora seu imperceptível amor pelas longas divisões e extrair dela sua preferência levemente velada por pudim de leite em relação às tortas.
O educador que extrai é tão arbitrário e coercitivo quanto o instrutor que incute, pois aquele extrai o que melhor lhe parece, decide o que deve e o que não deve ser desenvolvido na criança.
Suponho que não extraia a descuidada faculdade da falsificação.
Não extrai –ao menos até agora –um tímido talento para a tortura.
O único resultado de toda essa pomposa e precisa distinção entre o educador e o instrutor é que o instrutor empurra para onde quiser e o educador puxa de onde quiser.
A violência intelectual feita à criatura empurrada é exatamente a mesma feita àquela puxada.
Portanto, devemos agora aceitar a responsabilidade desta violência intelectual.
A educação é violenta porque é criativa.
É criativa porque é humana.
É tão implacável quanto tocar violino; tão dogmática quanto fazer uma pintura; tão brutal quanto construir uma casa.
Resumindo, é o que toda ação humana é, uma interferência na vida e no crescimento.
Depois disso, torna se uma questão trivial e até mesmo jocosa saber se esse tremendo atormentador que é o Homem artista insere coisas em nós, como um boticário, ou extrai coisas de nós, como um dentista.
Todos os educadores são terminantemente dogmáticos e autoritários.
Não há como ter educação livre, pois, se se deixa uma criança livre, não é possível educá la".