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EdsonRicardoPaiva

De vez em quando
Eu ouço o som de uma voz
Que, amiúde, diz algo de bom
Quis Deus, que essa voz
Em algum momento
Não viesse de um passarinho
Do vento, da prece
Nem de um ninho qualquer
Que vazio estivesse
Uma prece fria, uma ladainha
Qualquer resposta imaginada
Palavras que
de minhas, não tinham nada
Estas
Pra meu bem, vem de mim
Pois
Quando aquele que fala
É o coração da gente
Você pode até pensar em fugir
Mas nunca as esquece
Assim, eu posso me sentir perdido
E sem medo
Hoje eu sei que há lugares ruins
Com vasos de flores na janela
E brisa de ar de alecrim
Onde cada sorriso
Tem um prazo de validade
E o endereço de destino
Passa longe da rua que eu moro
O segredo, pra ficar distante
É que a gente pensa em nem pensar
Na tristeza que basta lembrar
Pra não querer
Descobrir em qual lugar se esconde
A boa porção
da semente que não germinou
Qual se fosse a luz da Lua
Refletida, mas no fundo da lagoa
Existe um tempo de espera
Um bilhete de viagem
Estar no mundo e na vida
Numa breve estadia
Mas que não mera passagem
E parado, ali na plataforma
A maneira de enxergar a vida
Se desmonta e se reforma
Assim se renova
Uma espécie de medo
Se apossa da alma
Bem de leve
Perceber, que apesar de tudo
Sequer por um segundo
Ninguém nunca está sozinho
E nem perdido
Acontece com qualquer criança
Em algum lugar escuro
Da floresta encantada da vida
Brincar de esconder de si mesmo
Pra poder se buscar
É preciso um olhar mais profundo
Que só tem
Aqueles corações
Que são bem simples
Despidos
De tanta oração complicada
Bonita e bem elaborada,
Da ilusão fingida e triste
Que a maldade deste mundo ensina
E que no fim não leva a nada.
Edson Ricardo Paiva.

Houve um tempo
Em que eu quis fazer as coisas certas
Pra poder ser visto e aceito
Como um bom menino e bom rapaz
Eu acreditava que se agisse assim
E Deus me visse
Ele iria gostar mais de mim
A vida foi passando
E eu insistia que havia uma boa razão
Pra prosseguir sendo um bom homem
Sem querer ser melhor em nada
Apenas via a cada dia que amanhecesse
Como a uma nova oportunidade
De fazer o meu melhor
Pelo mundo, por Deus, pelos meus irmãos
Hoje eu olho pro mundo
Olho a vida
Olho pra mim mesmo e pra cada manhã
Que foi perdida no meu passado
Percebo que a gente não precisa
Ver a vida como oportunidade
de ser bom ou agradar a ninguém
Na verdade
O mundo não está
Prestando a mínima atenção
Pois o ato de viver neste mundo
Não chega a ser compromisso
Contrato ou obrigação
E as coisas que eu faço hoje
A maneira que faço as coisas
Conduzindo meus próprios passos
Tem de estar de acordo
Unicamente com a minha consciência
E a maneira que eu achar a mais certa
Quando ninguém estiver me olhando
Sem procurar santidade ou atenção
Pois ninguém está olhando mesmo
Pra nada de certo que a gente fizer
Ou deixar de fazer
A não ser que faça errado
Pra ser apontado, julgado, condenado
A solução que encontrei
Pra viver esta vida
É eu mesmo saber
Se presto ou não presto
Sem corar branco ou vermelho
Diante do espelho
Sem jamais e nunca mais
me ater ao julgo de ninguém
de resto
Eu deixo este mundo de lado e amém
Pois nem a gente e muito menos a vida
Tem que ser bom ou ruim
Ela é só vida
E eu sou apenas alguém
Que não vai consertar
E nem carregar os pecados do mundo
Isso não me dá o direito de piorá lo
E nem obrigação de fazê lo melhor
Mas a tudo de melhor que eu puder fazer
Eu o faço pra ficar de bem comigo
Sem esperar aplausos do mundo
Pois, a bem da verdade
Isso é coisa que nunca vem.
Edson Ricardo Paiva.