Disseram me, um dia, que Deus é um de nós.
Disso eu sempre duvidei.
Seria muita presunção encerrar toda a criação em mim, ou em um dos meus.
Me foi dado ter os sentidos, e deles extrair o que deles eu puder
E o que não puder eu com meus sentidos alcançar, que eu saiba refletir
E criar
Mas a prudência me ensina que minha criação não encerra tudo que eu posso ser, e fazer
Me disseram que a voz do povo é a voz de Deus
Disso, igualmente, duvidei
E a isto neguei
O povo sempre age contra seu Deus, e é contrassenso igualar lhes as ideias
O que o ditado diz, a história nega
O que o Deus do povo ensina, o povo nega.
O homem convencionou por criar seus juízes
A quem ensinou o poder
Porém, errou o homem quando pediu ao juiz que
Fosse um dos seus
Se o juiz fosse um homem como homem outro qualquer
Para que haveriam os juízes
Do mesmo modo que o homem desobedece o seu Deus
O homem espera que o juiz compartilhará do seu pior desejo
De vingança, de egoísmo,
De exclusivismo, de injustiça, de separação
De exploração, de crueldade
Se o juiz tivesse de ser um de nós
Para que então haveriam os juízes