Eu te achava tão lindo, olhava pra você e pensava: Meu Deus é demais pra mim.
Você sempre bem vestido, com palavras prontas milimetricamente ensaiadas.
Nada parecia está errado em você: família perfeita, amigos perfeitos, vida perfeita.
Era tudo tão perfeito que me embrulhava o estômago.
Você veio fácil demais, com promessas rápidas, elogios baratos, liberdade calculada.
E eu a garota cansada da intensidade de tudo que vivi mergulhei de cabeça no vazio sem fim que você é.
Tentei olhar pra você como alguém que tava passando por uma fase, que um dia ía enxergar toda a breviedade das coisas, mas não, não era uma fase: era você.
Esse vazio todo não era essas festas frequentes sem hora pra terminar, esse valor exacerbado a luxos tão banais, esses amigos do de vez em quando que você colecionava, esse vazio todo era você.
Era você com seu jeito tímido que escondia um cara frio e calculista, com seu gosto musical apurado que disfarçava sua falta de sensibilidade pra ouvir além do som, com sua mania de perfeição que só gritava o quão longe da perfeição você era.
E como te enxergava assim doeu acordar pra quem você sempre foi e perceber o quanto tudo que você me oferecia era menos pra mim.
E hoje me permiti ir embora, paguei um ingresso caro demais e o seu show é pra uma platéia selecionada que eu definitivamente não quero fazer parte nem fazer coro com essa gente que te rodeia, que te enaltece, que te faz rei.
Sempre fui transparente com tudo que sou e pra ser bem sincera, quem anda comigo, sabe não perco meu tempo com pouco, não aguento futilidade nem no meu armário quanto mais no meu coração.