Deus me deu um coração que sabe amar, uma impulsividade soberana e uma criatividade irresponsável.
Aos poucos, como todo adulto, vou perdendo tudo isso.
Amadurecendo ao contrário.
Uma chatice.
Eu, logo eu, que sempre achei o máximo amar, viver intensamente cada gota e até sangrar por amor.
Vou me juntando, lentamente, a todo resto desse mundo medíocre, coberto de razões intolerantes.
Todos gostam de Shakespare, mas vivem com versos Clinton no seu criado mudo.
Então, alguém me aparece assim, de repente, como se fosse preciso me fazer “desamadurecer”.
Faz eu ouvir Legião Urbana, beber seu vinho caro e fumar falsas doces realidades.
Pulei em câmera lenta e falei das colheitas de algodão.
“Jô, eu nem sabia que algodão era planta”.