Há alguns anos, eu trabalhei como coordenador em uma grande escola pública.
Encontrei muitos aspectos agradáveis e compensadores em minhas atribuições, entretanto, havia pouca satisfação em supervisionar os três períodos de lanche a cada dia.
Garantir que os estudantes não abusassem nas bandejas, não jogassem purê de batatas nas roupas uns dos outros, nem colar ervilhas no teto ou em seus colegas, não constava em minha lista de coisas “profissionais” a fazer.Os dias anteriores aos períodos das férias eram, particularmente, dias terríveis no restaurante.
E foi em um destes dias que eu observei um aluno derramando seu leite.
Que sujeira.
Derramou sobre a mesa,o banco e o chão.
Eu desviei rapidamente meu olhar para outro lado mas fiquei prestando atenção com o canto dos olhos.
Eu sabia que aquele garoto tentaria escapar, deixando para outra pessoa (como eu) a tarefa de limpar a bagunça.
Assim que ele pisasse fora do restaurante eu o alcançaria e o faria limpar tudo, assim aprenderia como é divertido.Eu disfarçadamente prestava atenção quando começou sua escapada.Mas, para minha surpresa aproximou se do balcão e recolheu diversos guardanapos e voltou à cena do crime.
Depois de limpar em cima da mesa, limpou o banco e depois o chão.
Ao sair, jogou todos os guardanapos na lixeira.Após recuperar meu controle, segui o jovem.
Perguntei o seu nome, agradeci por sua consideração e o elogiei por ser tão consciencioso.
Ele respondeu,– Tudo bem.
E seguiu seu caminho.Me ocorreu falar com sua família, e decidi fazê lo mais tarde naquele mesmo dia.Passava um pouco das 5:00 quando abri a porta do carro para ir para casa.
Ocorreu me de repente que tinha esquecido de contatar os pais.
Meu primeiro pensamento foi de deixar para o dia seguinte, mas então pensei melhor e voltei à minha sala.
Verifiquei o número no registro, peguei o telefone e disquei.
Após alguns toques, uma senhora atendeu.– Alô! Aqui é Rich Kornoelje da escola.
– Me anunciei.Ouvi um “engolir em seco” do outro lado da linha e só então percebi que as únicas vezes que eu contatava com os pais era quando havia problema ou má notícia.
Então, eu disse rapidamente,– Seu filho fez algo hoje que demonstrou realmente ter uma boa educação.
– E contei toda a história.No início houve silêncio.
Então pude ouvir alguns “snifs”, seguidos de alguns suspiros.
Após recuperar a calma, a mãe disse,– Você não imagina o significado deste seu telefonema.
Meu marido me deixou há alguns anos e eu tive que educar este jovem sozinha, e é muito difícil.
Eu sei como ele se comporta em casa, mas sempre me preocupei com seu comportamento fora de casa.
Você não sabe o bem que seu telefonema me fez.Na verdade, aquele telefonema fez bem par mim.
Foi uma experiência que mudou a minha vida.
Eu me perguntei:– Por que elogiamos tão pouco Desde então, eu faço ao menos um contato positivo com pais por semana e encorajo – sem obrigar – meus professores a fazer o mesmo.Nos esforçamos para fazer contato com pais de aluno que não seja elogiado frequentemente.
Os pais ficam felizes, o aluno melhora o comportamento, o professor fica satisfeito e todos ganham.