MEUS FILHOS, OS POEMAS
Deus, quantos filhos já gerei!
Os gero o tempo todo!
Nas nuvens que passam
Na chuva que cai
No sol que queima a pele
No enlaçar das mãos
Na dor de um sonho morto
No barranco à beira da estrada
Gero versos do nada!
Da essência de tudo!
Da tristeza velada, delatada no olhar,
ou no sorriso dúbio, sem fé no amanhã
Gero palavras as vezes sem sentido
E que sentido devem ter as palavras
antes de serem interpretadas por alguma
alma sedenta de beleza
Gero.
Procrio noite e dia!
E ai de mim, se me tornar infértil,
e me negar à trazer à luz a poesia!!