Hoje diria que me chove pelo corpo, que a água se faz rio em braços de lamentos, que a alma é uma inundação de espaços ocos e vazios.
Hoje, o dia percorre me a pele com o vento gélido do norte, com a neve branca que me deixa pálido, congelado as lágrimas em prantos.
Nos momentos de solidão, em que não encontro os caminhos para sair deste labirinto, guardo me, fecho me na minha caixa, resguardo me dos nadas que passam em velocidades vertiginosas à porta de minha morada.
Depois sinto o calor de uma singela vela, que com seu frágil calor aos poucos derrete todo o gelo que me consome.
Nesta trémula luz, é teu rosto que se projecta no branco cristalino das paredes desta caverna, onde apenas os vultos são memórias do reflexo da luz do dia.
No róseo tom da tua pele, vejo as sombras dos meus dedos que contornam a tua silhueta, segurando se ao calor eterno do teu amor.
Aos poucos, neste abraço apertado, recebo a vida em sopros de beijos que os teus lábios vão depositando no meu corpo moribundo.