Água Viva
O pé na estrada não sente
Que o rumo já se perdeu
Na Consciência do viajante
Sua lucidez voou para um espaço livre
Tudo indica que há palmeiras
No final do caminho
Há indícios de água viva no meio do mar
Não mais morto.
E a atmosfera se faz verde, brilhante
Posso divisar a luz, o sol e a vida
Sentida em cada poro que se abre
E deixa passar o suor de minha angústia
De minha espera.
Passou o cavalo louco, talvez espantado
Pelo fantasma do meu medo
Que me persegue constantemente
E não há nada que o possa exorcizar
Talvez seja essa lua cheia que o desperta.
Repetem se as cenas em câmara lenta
A realidade se fragmenta
E cada um desses cacos se transforma
Num lindo sonho voando devagar
Poro infinito, mas enxotado pela Rainha
Do mundo da Realidade.
"Fora, não há lugar para você"
E ele se vai, tão docemente
Eu me fixei ao chão
E daqui não posso sair
Cogumelos são meus vizinhos
E me embriagam
Viajo com eles até a galáxia mais próxima
Sem passaporte ou suporte
Com a inconsciência do inconsciente fotografado
Vou mais além e me perco pra longe
Bem longe de mim
O quebra cabeças se embaralha
Se emaranha na mesa da sorte
O seu outro "eu" anda por aí, sem saber
Dos perigos que corro a cada dia
Ele pouco sabe das minhas mil mortes
Do solo perigoso que possuo e que pode
Desmoronar a casa instante.
Do efeito cicatrizante que tem o seu olhar
Sobre minhas feridas
Da luta maior gerada com a suspeita
De que sesse amor me faz percorrer
A "Terra Prometida".
E é tudo quanto tenho no momento
Procuro arrancá lo com todas as forças
Que já não possuo.