POÇAS D'ÁGUAEm seus dias de poça d`águaEspere pelos raios de solE serás nuvem outra vez.
ASSIM ÉJanela que dá pra lugar nenhumTrevo que perdeu a quarta folhaConcha tirada do marCobertor que não tapa os pésAssim é aquele que perdeu a vozFoi negado o saberQueimada a história.
ASSIM SOU EUSou tempestadeNão tenho hora para chegarMe darramo aqui ou acoláSou cura e venenoProvoco suoresLágrimasArrepiosArranco suspirosSou vento sem moradaNada deixo no lugarTiro pedaçosTe viro no avessoSou bússola sem ponteiroTrem sem maquinistaTe tomo por inteiroNão preciso do sim ou do nãoTiro o juízo e a razãoMuito prazer! Me chamo paixão.Elis Barroso
CARTAS DE AMORAh se eu pudesse ler o que as cartas de amor não dizemCada suspiro que vai nas entrelinhasO silêncio guardado em cada espaço em brancoAh se eu pudesse ler cada pergunta que não é feitaO que se esconde atrás das vírgulasA história que continua após o ponto finalOs sentimentos que impregnam o último versoQuisera eu saber ler cartas de amorMas elas não se deixam lerOu não seriam cartas de amor.
DOCE DESPEDIDAHoje vou deixar nosso amor morrer com poesiaEscorrer dos olhos todo desmedidoEncontrar beleza no que me fez perdidoTransbordar do peito límpido e serenoToda essa agonia que me corrói por dentro.Hoje sorrirei com tranquilidadePingando a saudade banhando os lençóisNessa terna belezaDe candura e singelezaDerretendo a tristezaDa tão atroz partida.Hoje vou valsar bem leveA inquietude que o momento pedeCantarolar suaveEnquanto minh`alma se abreTransformando em música toda essa dor.Nessa leve despedida vou seguir a vidaVazando a tristezaLevando a certezaQue é assim que se faz.
ESTAÇÕES, DIAS E CORESQuero ser sábadoE gostar de ser uma quarta feiraUm dia qualquerSer ensolaradaTambém saber choverGotejar quando quiserQuero ser azul infinitoE achar bonito me acinzentarQuero ser cada dia da semanaTodas as estaçõesSaber ser todas as coresSó não quero ser a mesmaQuando acordar amanhã.
DENTRO DO VERSOEu quis uma frase bonita pra colocar em meus versosUm cheiro de saudadeUma pitada de desejoUma pele molhadaUm gosto de quero maisUm querer dolorido daqueles que nunca terminamAcho que eu quis dentro do verso colocar vocêSó não soube entender.Elis Barroso