Uma estranha ofuscação dos sentidos.
O arrepio instantâneo e abrupto.
Na minha cabeça ecoam determinadas vozes.
Conversas entoadas.
Conversas em tom de segredo.
Sorrisos naturais.
Vidas cruzadas.
Olhares penetrantes.
Uma dança envolvente.
Júbilos contagiantes.
Vidas partilhadas.
Escárnios de bem dizer.
Beijos.
Aqueles beijos.
E um rosto com traços de menino a ser mimado pelas minhas mãos.
Novamente vozes.
Não sei ao certo o que elas me dizem.
Sei que me murmuram palavras múltiplas, e me sabem aqui a escuta las.
Sim, porque não é pelo facto de ter optado fechar os olhos a este sentir, que deixei de querer ouvir o que tem para me dizer.
Ouço em silêncio.
O mesmo silêncio da ausência e das diferenças sombrias.
Ausências forçadas ou não.
Diferenças relevantes ou não.
Fico aqui, dada ao silêncio comum dos pensamentos confusos.
Quero estar sozinha.
Agora e sempre que assim o desejar.
Talvez uma certa solidão possa dar me respostas.
O que eu não quero é ficar à espera.
Tu sabes Inês, que eu nem sequer sei esperar.
Deixa me dizer te também, que não espero algo concreto deste meu sentir, porque se assim fosse, o mesmo já teria avançado para um estado chamado desespero emocional.
E isso, muito obrigada, mas eu não quero.
Prefiro a vibração, o calafrio, a excitação, do que voltar a ter medo dos meus sentimentos.
Talvez o tempo me mostre na devida altura o seu significado.
Talvez o tempo me ajude a encontrar a definição para este meu sentir.
Por enquanto mantém se assim misterioso e indecifrável.
É assim que eu o quero e por hoje é assim que vai ficar
de olhos fechados e em silêncio.
Misterioso e indecifrável.